Suponhamos que um grupo de crianças resolveu sair para pescar e acabou invadindo uma lagoa considerada como zona restrita: foram pegos em flagrante e levaram uma multa muito alta, pela qual não têm dinheiro para pagar.Diante disso, o pai de uma delas se dispõe a fazê-lo e salda a dívida de todas.Sob a perspectiva da lei, o que consta é que as crianças pagaram a multa, porém, na prática, não foi isso que aconteceu: ainda que o efeito tenha sido a quitação da dívida, ela não foi paga pelos infratores — pois nem mesmo teriam como fazê-lo —, mas assumida por alguém que tinha condições de pagá-la, ainda que sequer tenha infringido a lei.Embora seja um exemplo bem simples, essa história ilustra perfeitamente o que Cristo Jesus fez pela humanidade decaída em pecado. Porém, o que deve ser enfatizado nesta reflexão não é o pagamento da dívida em si, mas a absoluta impossibilidade de que o ser humano seja capaz de pagá-la por si mesmo.Ainda que determinadas crenças promovam a doutrina do Karma — na qual o ser humano morre e reencarna diversas vezes, a fim de pagar em vidas posteriores as faltas cometidas na atual, bem como pagar na atual as faltas cometidas em anteriores — a verdade é que tal ideia não se aplica ao cristianismo bíblico, pois a Escritura não deixa margem para dúvidas a respeito de que só existe uma vida terrena para ser vivida, e o julgamento vem logo ao seu término: E, assim como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo. (Hebreus 9:27 – KJA) A dívida não pode ser paga pelo próprio devedor porque ela é infinita, uma vez que é cometida contra o Deus que é infinito.Tendo sido antecipadamente proibido por Deus, o simples e aparentemente inocente ato de comer uma fruta tornou-se em pecado para Adão e Eva, assim como, conforme podemos ver em Gênesis 3, trouxe consequências terríveis: a vida terrena tornou-se um constante sofrimento e a morte, inevitável… isso sem mencionar a separação eterna de Deus, cujo resultado é a condenação ao sofrimento eterno.Esse é o resultado pecado e é por isso que o salmista afirma: Ninguém é capaz de redimir seu próprio irmão, ou pagar a Deus o valor de sua vida,porquanto o resgate de uma vida não tem preço.Não há pagamento que o livre. (Salmos 49:7-8 – KJA) Não existe possibilidade de se pagar o preço do pecado pelas próprias forças, por mais sinceros e abnegados que sejamos!Acreditar em tal possibilidade, como fazem os adeptos do Karma, não passa de uma autoilusão que terá um desfecho terrível na hora do juízo. Alcançando tal entendimento a respeito da gravidade do pecado, pode-se compreender — ainda que de forma superficial, na limitada capacidade humana — o porte da dívida que o ser humano tem com Deus… e é por isso que só mesmo o próprio Deus, na pessoa de Jesus, poderia pagar tal dívida!E, em sua onisciência, é claro que Ele já sabia o que aconteceria após concluir a obra da criação: Deus sempre teve plena consciência de que o ser humano cairia em pecado, tanto que o plano da Salvação já estava traçado, pois o Cordeiro (Jesus Cristo), conforme Apocalipse 13:8, “foi morto desde ANTES da fundação do mundo”! Apenas alguém infinito poderia pagar essa dívida infinita… e foi o que Ele fez.Não por que tivesse qualquer obrigação, mas unicamente por amar o ser humano a ponto de desejar, voluntariamente, fazê-lo.Dessa forma, sofreu um castigo que nunca mereceu, mas que poderia pagar, a fim de que os reais merecedores, que nunca poderiam tê-lo pagado, fossem libertados do mesmo. Neste ponto, há algo a destacar: o autor da epístola aos Hebreus escreve aos mesmos em uma situação bem específica: o judaísmo, na ocasião, não era perseguido pelo Império Romano, que tinha por costume não interferir nas religiões dos povos conquistados, mas não permitia o surgimento de novas religiões, com o objetivo de que todos, com o tempo, acabassem por aceitar a religião romana.Quando Israel caiu sob o domínio Romano, o judaísmo já era praticado há séculos, mas o cristianismo só surgiu depois da dominação.A princípio, os romanos achavam que o cristianismo era apenas uma “nova versão” do judaísmo, mas quando perceberam que era uma fé inteiramente diversa, aí — devidamente apoiados pelas autoridades judaicas, que, inclusive, incitavam — a perseguição, da qual Paulo foi um expoente antes de sua conversão, começou. Muitos judeus convertidos — a fim de evitar a prisão, tortura e morte — estavam voltando a praticar o judaísmo e, ao menos publicamente, negando serem cristãos por causa dessa situação difícil.E é por isso que o autor destaca tanto a superioridade da Nova Aliança em relação à Antiga (especialmente entre os capítulos 7 a 10) como, já de imediato, exorta os leitores a não deixarem de lado a salvação pelo que quer que fosse, pois não haveria escapatória para o que a desprezassem: Por isso, é fundamental prestarmos atenção, mais ainda, às verdades que temos ouvido, para que jamais nos desviemos delas.Pois, se a mensagem proferida por anjos provou sua firmeza, e toda transgressão e desobediência recebeu a devida punição, como nos livraremos se desconsiderarmos tão grande salvação?Esta salvação, tendo sido proclamada pelo Senhor, foi depois confirmada a nós pelos que a ouviram.E, juntamente com eles, por intermédio de sinais, Deus testemunhou feitos portentosos, diversos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos conforme sua vontade. (Hebreus 2:1-4 – KJA) É por isso que a Salvação, embora seja de graça para o ser humano, custou um alto preço para Deus: a morte de seu Filho, que ressuscitou no terceiro dia, a fim de proclamar a vitória final sobre o pecado, a morte e o diabo, dando a reconciliação com o Pai a todos os que nele creem. Vivamos nós, portanto, de acordo com a graça que recebemos, mas sempre tendo em mente que ela nunca foi de graça. Nos Laços do Calvário TÍTULO ORIGINAL: A SALVAÇÃO É PELA GRAÇA, MAS NÃO
Testando A Fidelidade
Quando Jesus cita a mulher de Ló (em Lucas 17:32), tampouco menciona seu nome ou faz qualquer referência à sua identidade.Nem mesmo seu nome é conhecido e nada se sabe a respeito dela além do que é relatado nestas passagens que mostram o quanto a desobediência a uma ordem de Deus pode ser grave: E aconteceu que, tirando-os fora, disse: Escapa-te por tua vida;não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina;escapa lá para o monte, para que não pereças(…)Então o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra;E destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra.E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal. (Gênesis 19:17, 24-26 – ACF) Ou seja, ela é lembrada apenas como um exemplo do que não se deve fazer ao receber uma ordem do Criador: desobedecê-la. Outro ponto a ser destacado é o fato de que a Bíblia tampouco menciona a razão específica dessa desobediência.No entanto, sendo Ló um homem bem-sucedido financeiramente e morando em uma cidade que, embora corrupta e ímpia (vide Gênesis 13:13), oferecia a seus moradores mais abastados uma condição de vida confortável, é razoável supor que ela era muito apegada a seus bens, riquezas e prosperidade: em meio à fuga, seu coração sentiu o peso de perder tudo aquilo a que se apegava, de modo que Deus não lhe pareceu suficiente para aceitar a drástica mudança de vida que teria de enfrentar.Mesmo com Deus mostrando seu desejo de salvar toda a família e enviando dois anjos à sua casa para advertir sua família a respeito da destruição que viria, ela não queria perder o que possuía e tentou ver se algo dentre suas posses poderia ter sido preservado… e isso acabou por custar-lhe a vida. O chamado à reflexão deste texto é no sentido de que cada cristão pense em até que ponto o fato de ser filho de Deus é suficiente para dar sentido à sua existência.A pergunta é importante, pois há muitos que também se apegam às suas ambições, projetos e desejos terrenos a ponto de, em vários momentos, não conseguirem ver o valor da presença de Deus em suas vidas, mesmo que as circunstâncias não sejam agradáveis ou favoráveis.Há, por exemplo, os que desejam alcançar seus objetivos terrenos — como concluir uma faculdade, adquirir uma casa, um carro, ou obter sucesso em sua profissão… — a tal ponto que, caso não consigam, revoltam-se contra Deus, e até buscam meios ilícitos, pecaminosos para obter o que desejam. Um caso interessante é o do Rei Zedequias, que foi colocado como regente da Babilônia sobre o reino de Judá.Segundo o relato bíblico, ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, cometeu os mesmos pecados de seu antecessor, Jeoaquim (conforme 2 Reis 24:19) e, verificando o que é dito dos pecados dos mesmos nos capítulos anteriores, percebe-se que o ponto principal era a tolerância e mesmo o incentivo à idolatria.Seu fim foi terrível, tendo seus olhos vazados após ter visto seus filhos serem executados na sua frente e, ao que tudo indica, em seguida sendo preso pelo resto da vida (vide 2 Reis 25:6-7). Mesmo que tenha uma “cultura” cristã, na verdade um idólatra é — tal como a mulher de Ló — alguém para quem o próprio Deus vivo não lhe é o bastante…“Apenas” ser filho de Deus não lhe parece suficiente, de modo que busca preencher os supostos espaços vazios que julga ter em seu ser com realizações terrenas e até mesmo com a devoção a outras alegadas divindades ou poderes.É por isso que muitos dentre os que se dizem “cristãos” eventualmente leem horóscopo, praticam — a fim de obter sucesso no ano que se inicia — rituais característicos da umbanda na virada do ano e, para não serem taxados de “intolerantes”, buscam ser “politicamente corretos” com adeptos de religiões pagãs, aceitando até participar de suas celebrações e rituais. Porém, em vista do que se vê acontecendo no mundo de hoje, a necessidade de cada cristão conscientizar-se de que Deus é o suficiente é urgente e imperiosa: estar excessivamente preso às coisas da Terra, aos projetos, ambições e conquistas da vida presente é um problema que pode ser muito sério!Mesmo o valor excessivo dado às amizades pode se constituir em um problema, já que Jesus advertiu que ocorreriam traições com enorme frequência nos tempos que antecederiam a sua volta (verifique Mateus 24:9-10).Em suma, o único Deus vivo e verdadeiro terá de ser o suficiente e — cada vez mais — isso terá de ficar claro para todos os cristãos nos tempos do fim. A boa notícia é que Ele é, sim, o suficiente.O Criador dos céus e da Terra, aquele que enviou seu Filho para pagar o preço dos pecados da humanidade (vide João 3:16) e tem poder para fazer infinitamente mais do que o ser humano pode pedir ou mesmo imaginar (conforme Efésios 3:20) é tudo de que se precisa.Nem sempre o cristão sentira Sua presença de forma clara, principalmente quando enfrentar dificuldades, injustiças e até perseguição… mas o mesmo Deus que manteve milhares de mártires firmes na fé mesmo em meio à crueldade dos perseguidores ao longo da História é O que está com cada cristão no mundo de hoje.Essa é uma promessa foi feita por Ele próprio, na pessoa de Seu Filho: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado;e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo.Amém. (Mateus 28:19-20 – ACF) Dessa forma, não há necessidade de um cristão agir como a mulher de Ló ou como Zedequias: tão logo a vida terrena se encerrar, inexoravelmente as coisas deste mundo ficarão para trás, conforme registrou o apóstolo Paulo: Porque ingressamos neste mundo sem absolutamente nada, e ao partirmos
Através Dos Sofrimentos
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2005, o filme espanhol “Mar Adentro” narra a história do marinheiro espanhol Ramón Sampedro Cameán, que protagonizou um dos episódios mais polêmicos acerca do direito de um cidadão poder dispor de sua própria vida tanto na sua Espanha natal como em todo o mundo. Definido como “um homem de espírito livre”, Ramón nasceu na região da Galícia, na Espanha, em 5 de janeiro de 1943.Aos 18 anos, desejoso de conhecer o mundo, alistou-se na Marinha — dizendo a todos os que o conheciam: “Para conhecer o mundo sem gastar dinheiro, seja marinheiro” — e assim permaneceu até os 25 anos, tendo viajado por diversos países do mundo, inclusive já estando noivo.Porém, no dia 23 de agosto de 1968, sua vida mudou de forma irreversível: estava na praia com alguns amigos e mergulhou de uma falésia sem perceber que a ressaca fazia a água do mar recuar, de modo que a água restante no local do mergulho não foi suficiente para amortecer o impacto e o fez chocar-se violentamente contra o solo, partindo sua medula espinhal e condenando-o à tetraplegia que o imobilizou do pescoço para baixo pelo resto de sua vida. Ramón, que tanto amava as aventuras e viagens, jamais se conformou em ficar preso a uma cama 24 horas por dia, dependendo dos amigos e parentes para tudo.Desfez o noivado, dizendo que não tinha o direito de impor uma vida de renúncia à sua parceira e, por décadas, lutou na justiça pela eutanásia, algo proibido pela legislação espanhola na ocasião: para ele, viver daquela forma não valia a pena e, devido à sua condição, era incapaz de cometer suicídio. Com pedido após pedido sendo negado pela justiça, ele afinal alcançou seu intento em 12 de janeiro de 1998, após quase três décadas de imobilidade, exatamente uma semana depois de completar 55 anos: por meses, conversou com um grupo de amigos e combinou que cada um deles realizaria um ato de seu plano. Com cada um executando uma ação que nada tinha de ilegal, ninguém poderia ser incriminado.Assim, um amigo cedeu a sua casa, outro o colocou na cama, outro comprou uma dose de cianeto de potássio (um veneno dos mais letais que existem para o ser humano), outro encheu um copo com água, outro misturou o cianeto na mesma, outro colocou uma plataforma de metal na cabeceira da cama, outro colocou o copo sobre ela, outro colocou um canudo dobrável no copo, ao alcance de sua boca e, por fim, o último ligou a câmera, para gravar suas últimas palavras. Ramón as pronunciou e, em seguida ingeriu o veneno, morrendo em poucos minutos. Para Ramón, aquele sofrimento que o privara do que mais amava — sua liberdade — era maior do que podia suportar.Mesmo assim, deixou dois livros — escritos com a ajuda de seu sobrinho — contendo diversas poesias de sua autoria como legado: “Cartas Desde El Infierno” (de 1996) e “Cuando Yo Caiga” (lançado postumamente, em 1998).É neste último que se encontra o poema que dá título ao filme. Faz-se importante destacar que Ramón era um homem totalmente secularizado e não acreditava em nada que não pudesse ver ou sentir, inclusive a vida após a morte.Nesta situação, a condição de tetraplégico (que o impedia de realizar seus sonhos) lhe impunha um sofrimento para o qual não via nenhum sentido: sem esperança de nada, apenas podendo recordar de seu passado e imaginar as aventuras com que tanto sonhara e que jamais poderia viver, preferiu pôr fim à própria vida, por vê-la apenas como um sofrimento insuportável e sem nenhum propósito.De fato, o sofrimento para o qual não se vê propósito é uma fonte de pura degradação e destruição.Porém, a verdade é que o fato de Ramón ser ateu contribuiu decisivamente para a escolha que fez: a vida sem nenhum tipo de realização se torna uma prisão para quem crê que ela é tudo o que se tem, de modo que não é de se surpreender que muitos prefiram não vivê-la. TODAS AS COISAS No entanto, nem todo sofrimento é sem propósito e, no caso de um cristão que realmente entende a mensagem do Evangelho, não existe absolutamente nenhum sofrimento que não tenha um objetivo. O apóstolo Paulo escreve aos Romanos, dizendo: E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8:28 – ACF) E, se são “todas as coisas”, isso também inclui as ruins, as sofridas, as desagradáveis…É claro que ninguém gosta de sofrer, mas isso não impede que Deus use os sofrimentos para um propósito maior!A vida do próprio Paulo é um exemplo disso: de seus (aproximadamente) 30 anos de ministério após a sua conversão, Paulo passou cerca de 5 na prisão, exatamente por ser pregador de uma fé tida como ilícita tanto pelos judeus como pelos romanos.No entanto, mesmo nesta situação, foram escritas nada menos do que 4 epístolas carregadas de esperança, a saber: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon. Além disso e cronologicamente falando, sua última epístola — a de 2 Timóteo — foi escrita enquanto estava em prisão domiciliar, aguardando sua execução.Se Paulo não tivesse passado por tudo isso, a cristandade hoje não teria essas verdadeiras preciosidades na Bíblia. SÓ JÓ Jó foi outro que, aparentemente, recebeu sofrimentos que não lhe trouxeram qualquer proveito pessoal imediato, mas que deram origem a um dos livros que mais versa sobre a justiça de Deus, que é muito superior e mais sublime do que a humana: tendo perdido tudo — seus bens, seus filhos e sua saúde — e ainda recriminado por sua esposa, ele simplesmente se recusou a amaldiçoar ou rebelar-se contra Deus, tendo permanecido em silêncio ao lado de seus três amigos por sete dias (vide Jó 1 e 2), quando então ao quatro passaram a discutir sobre o que havia, da parte de Deus, para ser realizado por meio de tantas desgraças na vida de Jó (conforme capítulos 3 a
Consequências Inevitáveis
“Conquista Sangrenta” (no original “Flesh & Blood”) é um filme de 1985, protagonizado por Jennifer Jason Leigh e pelo saudoso ator holandês Rutger Hauer (1944-2019), provavelmente mais conhecido por um filme anterior, o original de Blade Runner, de 1982.Ambientando na Europa medieval, o filme mostra o personagem de Hauer, Martin, liderando um grupo de rebeldes saqueadores que — após desistirem de servir ao monarca local como mercenários e serem traídos por ele — tomam um castelo e passam a ser perseguidos pelo comandante do exército.No grupo há, inclusive, prostitutas (que se esbaldam em prazeres carnais com os soldados) e até um cardeal, que os admite ao ritual católico da comunhão (mesmo com plena ciência de suas vidas desregradas) e não se importa em repreender os atos ilícitos cometidos, sendo sua única preocupação a busca por supostos sinais divinos que permitam descobrir o que ele e os companheiros devem fazer. O detalhe é que Agnes (personagem de Jennifer Jason Leigh) é uma dama comprometida com o filho do Monarca, Steven, que acaba sendo sequestrada pelo grupo.Para resgatá-la, Steven os persegue juntamente com os militares até que acontece algo inusitado: Steven é capturado e acorrentado pelo grupo, mas joga um pedaço da carne de um cachorro morto pela peste negra dentro do poço, de modo que contamina a água que todos beberão no dia seguinte.As prostitutas são as primeiras a sentir os sintomas da doença, entram em desespero e saem gritando: “É o castigo por sermos prostitutas!”. CONSEQUÊNCIAS Esse é o ponto sobre o qual somos chamados a refletir: embora seja totalmente impróprio associar uma punição específica a um pecado também específico (a menos, é claro, que isso tenha sido anunciado por Deus), a verdade é que pecados sempre tem consequências!Muitas vezes não são imediatas e nem claramente associadas a ele, mas simplesmente não existe pecado sem punição: mesmo os mais insignificantes aos olhos dos homens tiveram de ser justiçados — no caso, em Jesus — a fim de que o perdão pudesse ser concedido a toda a humanidade. Porém, ainda que pecado seja perdoado, as consequências do mesmo perduram.Quando uma pessoa comete um pecado e se arrepende sinceramente, o perdão é concedido (pois Jesus pagou o preço desse pecado na cruz), porém as consequências do que a pessoa fez não vão simplesmente desaparecer: alguém que comete um assassinato pode receber perdão divino em caso de sincero arrependimento, mas a vítima de seu ato não irá ressuscitar e quem o cometeu terá de responder por isso.Um casal adúltero que é surpreendido por uma gravidez pode ser perdoado, mas a criança não irá desaparecer e eles serão obrigados a enfrentar as consequências do ato. Um exemplo claro disso é o rei Davi, que cometeu um adultério e se envolveu em uma conspiração de assassinato (conforme 2 Samuel 11).Após ser confrontado pelo profeta Natã, ele reconheceu seu pecado, ouviu a declaração de Natã que estava perdoado, mas as consequências daquele ato não puderam ser anuladas: elas vão desde a morte do seu filho recém-nascido (relato em 2 Samuel 12) e de mais dois, posteriormente — Amnon, que cometera incesto e Absalão, que o matou e conspirou contra o reino de seu pai — até o ato degradante das relações sexuais públicas de Absalão com as concubinas do próprio pai e sua conspiração contra ele, visando tomar seu reino, o que também lhe custou a vida (conforme 2 Samuel 15-18). AVISOS Mesmo antes destes acontecimentos — que se deram no tempo em que Israel já era uma nação estabelecida em sua terra — Deus já advertira o povo a respeito de se deixar “brechas” para o pecado agir.Ao advertir o povo, que logo entraria na terra prometida, Moisés revela algo que era imprescindível que fizesse: todos deveriam lutar para expulsar os ocupantes daquela terra (o que incluía os que já tinham recebido a sua herança), ou acabariam caindo em uma armadilha, pois pecariam contra Deus, desobedecendo-o, e tal pecado os acharia no futuro, ou seja, haveria consequências (vide Números 32:20-23). Sabe-se que Israel, de fato, teve problemas com isso — com a rebelião das duas tribos e meia que não quiseram participar do combate por já estarem instaladas — e mesmo após acabarem cedendo, não exterminaram completamente os povos pagãos que ocupavam a terra, como se pode ver ao longo do livro de Josué.Como consequência, o paganismo não foi extinto do meio da habitação do povo de Deus e, por séculos — como se pode ver desde o livro de Juízes até o final do Antigo Testamento — Israel se corrompia, era punida pelo Senhor, corrigia seus rumos, e logo na geração seguinte, acabava retornando ao paganismo e à idolatria.A principal consequência de tudo isso, no Antigo Testamento, foi o cativeiro babilônico que perdurou por 70 anos e, até mais grave que isso, a incapacidade de reconhecerem o Messias Jesus Cristo, que perdura até hoje (vide Lucas 13:34,35; 19:41-44).Tudo isso remete à importante advertência registrada pelo apóstolo Paulo: Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.Não deis lugar ao diabo.Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. (Efésios 4:25-30 – ACF) Especialmente os versículos 27 e 30 tem de ser destacados: dar lugar ao diabo — ou seja, tolerar pequenos deslizes e quedas em tentações que aparentam não ser muito importantes — é uma coisa que entristece o Espírito Santo e abre brechas para que o pecado, futuramente, “ache” o cristão, como é dito nas palavras inspiradas por Deus a Moisés.A luta contra o pecado tem de ser incessante,
A Ilusória Beleza Do Mundo
Mike, deixe-me dizer uma coisa.O mundo inteiro é um circo se você souber olhar para ele.A forma como o sol se põe quando você está cansado, surge quando você quer estar em movimento… isso é magia de verdade!A maneira como uma folha cresce, o canto dos pássaros… a aparência do deserto à noite, com a lua o abraçando.Oh, meu rapaz, isso é… isso é circo suficiente para qualquer um.Cada vez que você observa um arco-íris e sente admiração em seu coração.Cada vez que você pega um punhado de pó e vê não o pó, mas um mistério, uma maravilha, ali na sua mão.Cada vez que você para e pensa: ‘Estou vivo, e estar vivo é fantástico!’Cada vez que isso acontece, você faz parte do Circo do Dr. Lao Trecho do filme “As 7 Faces do Dr. Lao” (1964) O conselho acima, repetido por mais de uma vez no clássico filme: “As 7 faces do dr. Lao”, de 1964, é um convite à reflexão sobre a existência.Ambientado nos tempos do Faroeste, em uma fictícia pequena cidade chamada Abalone, no estado americano do Arizona, o filme narra a história de um misterioso chinês, vivido por Tony Randall, que se apresenta como o dono de um circo que ficaria por dois dias na pequena comunidade.O local, embora aparentemente tranquilo, não é o que se mostra à primeira vista, sendo dominado por um rico fazendeiro que deseja a desvalorização da cidade por problemas de abastecimento de água, a fim de comprá-la por inteiro e revendê-la após a construção já agendada de uma ferrovia, o que a valorizará muito.O dr. Lao, por meio de suas apresentações e feitos sobrenaturais, acaba por mudar totalmente a mentalidade reinante no local, mostrando os próprios habitantes representados nas cenas que apresenta, o que os encanta a princípio, mas acaba por aterrorizá-los ao mostrar o local encenado sendo destruído pela própria ganância de seus habitantes.Tudo isso faz com que a vida no local seja diferente dali em diante. O garoto Mike, vivido no filme por Kevin Tate, é filho de uma bibliotecária e professora viúva, interpretada por Barbara Eden (famosa por protagonizar o seriado “Jeannie é um Gênio”), encantado com o circo, deseja juntar-se ao dr. Lao, que lhe dá o conselho exposto acima, que acaba por ser repetido na cena final, quando vai embora da localidade.A mensagem do filme, mostrando que o circo do dr. Lao nada mais é do que a própria vida, e que tudo nela pode ser maravilhoso, dependendo do ponto de vista, pode ser realmente bela e comovente, mas a realidade é que as coisas não funcionam bem assim. O ator mirim que interpretou Mike na história, Kevin Tate, embora tivesse uma carreira promissora, abandonou a atuação em 1973, aos 19 anos por motivos nunca esclarecidos, e simplesmente desapareceu dos olhos do público, não se tendo qualquer informação sobre o que foi feito dele até 1999, quando morreu, a uma semana de completar 45 anos, de causas não divulgadas.Ele morreu antes mesmo do protagonista Tony Randall, que viveu até 2004, partindo aos 84 anos.Barbara Eden, por sua vez, é vítima de uma das piores dores de um ser humano ao perder seu único filho — o também ator Matthew Ansara — vítima de uma overdose, em 2001, quando tinha apenas 35 anos. Como se vê, a vida de muitos dos próprios atores do filme mostra que a mensagem não é algo a que se possa apegar para dar sentido e beleza à existência: ela só ajuda até certo ponto, e muitas vezes não tem como ajudar a mitigar dores e angústias que todos enfrentam na vida.Ninguém, por exemplo, vai se lembrar da beleza da existência ao perder um ente querido ou na hora de encarar a própria morte.Diferente do consolo e da beleza apenas passageiros que um filme, por mais belo e comovente que seja, possa trazer, existe um consolo e uma beleza que não são efêmeros: os que Cristo concede. Desde a triste (porém esperançosa) narrativa de Gênesis 3, quando o ser humano caiu e foi contaminado pelo pecado e, consequentemente, a criação divina distorcida, a vida humana passou a ser uma constante batalha pela sobrevivência, luta cuja derrota já foi previamente determinada por Deus ao afirmar: Com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes ao solo, pois da terra foste formado;porque tu és pó e ao pó da terra retornarás! (Gênesis 3:19 – KJA) Em outras palavras: por mais que o ser humano se esforce, cuide de sua saúde, por mais que conquiste seus objetivos e realize seus sonhos, inevitavelmente chegará ao momento em que terá sua vida neste mundo encerrada, tal como vários dos atores do filme, alguns de forma precoce e até trágica.Não há imortalidade onde há pecado: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio de Cristo Jesus, nosso Senhor! (Romanos 6:23 – KJA) Porém, como foi dito, nesta mesma narrativa da maior desgraça que já aconteceu na história da humanidade, a desobediência de nossos primeiros pais, condenando todos ao afastamento de Deus e à morte, temporal e eterna, existe também a maior das esperanças: Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela;porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar. (Gênesis 3:15 – KJA) Em meio ao caos, à dor e à tristeza que o pecado traria ao mundo, Deus, em sua misericórdia, já anunciou o plano da redenção humana, que teria um alto preço, mas que seria pago por Ele próprio, na pessoa de seu Filho, punido no lugar do ser humano decaído.Tal obra reconciliaria a humanidade com o Criador e, a seu tempo, devolveria ao ser humano uma glória e uma imagem divinas indescritivelmente mais gloriosas do que aquelas das quais havia decaído.Tal glória eterna é por demais incompreensível para que possa ser expressa em palavras: Paulo foi levado vivo ao paraíso e afirmou que não era possível descrever
A Derrota Da Morte
Em uma conhecida gravura que já circula há algum tempo na internet, Charlie Brown e Snoopy estão sentados em um cais, olhando para o horizonte, e Charlie diz:— Um dia a gente vai morrer, Snoopy.E o cão responde:— Sim, mas em todos os outros dias, a gente vai viver! É bem possível que esse cartoon refletisse o próprio sentimento interior do criador desses personagens: Charles M. Schulz, o criador da turma do Snoopy, era um cristão apostatado da fé.Criado como luterano e, depois, tendo-se tornado metodista, acabou por afastar-se de suas raízes cristãs na idade adulta, tornando-se um humanista secular.Seus amigos próximos e parentes sempre declararam que ele era uma pessoa que, na maior parte do tempo, vivia triste, fechado e deveras solitário, isolando-se da família por longos períodos, nos quais, além de desenhar suas tirinhas, parecia estar em conflito consigo mesmo, como se seus pensamentos o perturbassem. Diagnosticado com um câncer colorretal em 1999, recebeu a pior notícia possível: o tumor fora descoberto tardiamente, já em metástase, de modo que foi obrigado a anunciar sua aposentadoria em 14 de dezembro daquele ano, declarando:“Nunca sonhei que seria isso que aconteceria comigo… sempre tive a sensação de que continuaria com o desenho até os oitenta e poucos anos. Mas de repente, se foi. Eu não tirei isso de mim, é algo que foi tirado de mim.” Em fevereiro de 2000, Schulz decidiu fazer um cartoon se despedindo de seus fãs, pois, embora estivesse em fase terminal, ele esperava ainda viver o suficiente para ver o quadrinho ser publicado, o que, infelizmente, não aconteceu: ele morreu em 12 de fevereiro daquele ano, um dia antes da tirinha de despedida ser divulgada.Nela, em meio a vários personagens do universo do Snoopy, ele escreveu seu texto de despedida de sua carreira, sem saber que não veria a publicação da mesma: De fato, Schulz não chegou “aos oitenta e poucos anos”, tendo morrido aos 77.Não se tem qualquer indicação de que ele tenha mudado seu posicionamento a respeito da espiritualidade nos últimos dias de vida e, caso tenha acontecido, é algo que levou consigo para o túmulo. Posteriormente, sua família acabou mudando de ideia sobre descontinuar o trabalho de Charles, de modo que a turma do Snoopy ganhou até um filme em animação, mantendo os personagens em evidência até hoje. O ponto a ser destacado neste relato é o de que Charles aparentemente tentava convencer a si mesmo, de que a vida tem vários dias, ao passo que a morte só acontece em um…Talvez ele, que, após desistir da esperança em Cristo que vivera na juventude, estivesse a tal ponto tomado pelo vazio de uma vida e uma existência sem esperança de nada após o seu fim, que tentava minimizar o impacto da morte. “Matematicamente falando”, como Schulz coloca no quadrinho, a vida parece mesmo ter uma tremenda vantagem, pois, salvo exceções, a esmagadora maioria das pessoas vive por milhares e milhares de dias, tendo apenas um em que a morte vence.Porém, o que essa ideia do cartoon de Schulz parece ignorar (provavelmente de forma intencional) é que um único dia de vitória da morte é suficiente, pois ela é mais forte do que a vida terrena: uma pessoa pode viver 20 ou 30 mil dias, e até mais, mas no único dia em que a morte vence, a vida está definitivamente “derrotada”, não existindo mais um só dia para se viver neste mundo. Essa é a situação de toda a humanidade.Toda a trajetória humana na Terra, em última análise, não passa de uma jornada em direção à morte: o homem tenta prolongar sua vida de todas as formas, cuida de sua saúde, mas sempre chega a hora em que tem de morrer.Esse é o final de toda existência terrena de qualquer ser humano.O autor da epístola aos Hebreus, no entanto, mostra uma perspectiva completamente diferente desta para aqueles que se apegam a Cristo: Portanto, visto que os filhos compartilham de carne e sangue,Ele também participou dessa mesma condição humana, para que pela morte destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o Diabo;e livrasse todos os que ao longo de toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte. (Hebreus 2:14-15 – KJA) O diabo, que Jesus chama de “homicida desde o princípio (conforme João 8:44)” por ter ele induzido o ser humano a pecar, condenando-o assim à morte (veja Romanos 6:23), de fato teria o poder sobre a vida do ser humano, mas ao anunciar a vinda do Salvador (em Gênesis 3:15), Deus já declara que esse poder não teria efeito, pois o sangue do Cordeiro purifica o ser humano de todo pecado (veja 1 João 1:7).Dessa forma, quem de fato tem as chaves, ou seja, o poder sobre a morte e sobre o inferno não é mais o diabo, e sim, Jesus, conforme ele próprio declara a João na sua visão de seu corpo glorificado na ilha de Patmos, onde o último apóstolo ainda vivo recebera as revelações do livro do Apocalipse: Assim que o admirei, caí a seus pés como se estivesse morto.Então, Ele colocou sua mão direita sobre mim, e disse:“Não tenhas medo, Eu Sou o primeiro e o último.Eu Sou o que vive; estive morto, mas eis que estou vivo por toda a eternidade!E possuo as chaves da morte e do inferno.” (Apocalipse 1:17-18 – KJA) O diabo, que deseja o mal da humanidade, não tem mais essas chaves, elas lhe foram tiradas pela obra de Jesus, de modo que, sendo Deus Infinito e Atemporal, mesmo tendo cronologicamente cumprido sua obra após vários milênios da queda do ser humano em pecado, Jesus resgatou a humanidade desde os primórdios. Assim, o pavor da morte que escraviza o ser humano em sua existência terrena, da qual tenta escapar sem sucesso, é algo do qual o cristão pode se considerar liberto. Mesmo que a morte não seja algo agradável — afinal, o plano de Deus não é que o ser humano morra, mas que viva para sempre —, ela
O Conflito De Asafe
Há mais de uma forma de traduzir o nome “Asafe”, mas sempre contém referência a “arrebanhar”, “juntar” e “reunir” e, normalmente, entende-se o significado como “aquele que reúne”.O nome “Asafe” se refere a algumas pessoas mencionadas na Bíblia, na época do reino de Israel, e aqui é destacado especificamente o levita encarregado de ministrar os cânticos diante da arca da Aliança, quando o rei Davi a trouxe para Jerusalém. Era Asafe, o chefe, e Zacarias o segundo depois dele;Jeiel, e Semiramote, e Jeiel, e Matitias, e Eliabe, e Benaia, e Obede-Edom, e Jeiel, com alaúdes e com harpas; e Asafe se fazia ouvir com címbalos;Também Benaia, e Jaaziel, os sacerdotes, continuamente tocavam trombetas, perante a arca da aliança de Deus.Então naquele mesmo dia Davi, em primeiro lugar, deu o seguinte salmo para que, pelo ministério de Asafe e de seus irmãos, louvassem ao SENHOR. (1 Crônicas 16:5-7 – ACF) Apesar de não se saber maiores detalhes sobre sua vida além de sua função no ministério levita, ele é apontado como autor de alguns salmos — 12 no total — o de número 50 e os que correspondem a 73-83 no cânone hebraico. UM HOMEM ANGUSTIADO No Salmo 73, este homem de sincera devoção a Deus expressa a amargura de seu conflito ao ver as aparentes vitórias dos ímpios, que pareciam não ter fim, a obtenção de sucesso e satisfação de desejos que alcançavam, ao passo que os justos eram constantemente vistos em pesadas provações e angústias.Nota-se que, em todas as épocas, os tementes a Deus são ensinados de forma paciente pelo Pai Celestial a não atentar para pequenas partes dos acontecimentos, mas ao ver a história como um todo: tal como Asafe foi ensinado em seu tempo, hoje cada cristão precisa entender o que está por trás de tudo o que Deus permite acontecer.Asafe reconhece a bondade de Deus para com Israel (verso 1), mas admite que pouco faltou para que desacreditasse dessa bondade, conforme se vê nos versículos seguintes.No entanto, já no verso 2 ele admite que isso foi por um erro de interpretação, uma falta de entendimento de sua parte, não da parte de Deus: “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos”. As razões disso são expostas nos versos 3 a 16, onde ele relata tanto a inveja que tinha dos perversos e arrogantes, cujos propósitos sempre eram alcançados, suas posses eram muito maiores do que necessitavam, e ainda tinham o povo a seus pés (3-12), quanto também a aparente desilusão de ter conservado a sua integridade e fidelidade a Deus, uma vez que era continuamente afligido e castigado, ao mesmo tempo em que via as riquezas dos ímpios aumentarem(12-14).Sua angústia por tais coisas era tamanha que, como menciona nos versos 15 e 16, ele sequer mencionava aos outros tudo isso que oprimia seu coração, a fim de não ser visto como um traidor, alguém que, com a responsabilidade do serviço do templo, não demonstrava a fé que cantava e enaltecia nas suas tarefas diárias. Isso tem uma mudança radical na parte final desse Salmo, quando ele afirma que entrou no Santuário de Deus e atinou com o fim dos perversos e ímpios (versos 17-28): na época, o ensino sobre as coisas de Deus era geralmente realizado no templo, e isso indica que durante o ensino ali ministrado, Asafe se deu conta de que essa situação, por mais injusta e dolorosa que fosse para ele ou para qualquer justo, para qualquer pessoa temente a Deus, era algo provisório, e que o fim que aguardava os que não se arrependiam era terrível, podendo ser resumido na rejeição final e definitiva de tais pessoas por parte do Criador.Por fim, ele reconhece que o melhor era permanecer fiel e dedicado a Deus do que seguir o caminho que os ímpios seguiam, que só o fato de cogitar fazê-lo, como ele, era um ato irracional, coisa de quem estava embrutecido, ou seja, não pensando com clareza (versos 21 e 22).O fato de esse Salmo estar escrito no tempo pretérito, inclusive a parte final, onde Asafe reconhece o equívoco de seu coração, indica que ele teve o cuidado de só relatar sua experiência após a mesma estar concluída, quando obteve as respostas que tão ansiosamente buscava. ESPERANDO JUSTIÇA Como foi mencionado, o ser humano tem sido ensinado por Deus desde sempre desde a queda em pecado a esperar pela justiça que vem da parte do Criador.O próprio Jesus, no sermão do monte, disse que os que tem fome e sede de justiça serão fartos(veja Mateus 5:6). A justiça que vem de Deus não segue o padrão humano, pois ninguém é naturalmente santo diante dele, é antes tornado santo por meio da fé que se apega aos méritos de Jesus. Assim, não compete ao cristão “fazer justiça com as próprias mãos”. O mais injustiçado de toda a história foi o próprio Jesus, que assumiu uma culpa e um castigo que não eram dele, mas de todos nós (conforme Isaías 53:5) e, mesmo em meio a toda essa injúria e humilhação, ele orou pelos que o estavam crucificando (veja Lucas 23:34) e, como diz Pedro, não revidava aos que o ultrajavam, mas deixava o julgamento de tudo aquilo nas mãos do Pai (conforme 1 Pedro 2:21-24). Asafe viveu muito antes do cumprimento da obra de Jesus, sendo um daqueles que, como diz a epístola aos Hebreus, morreram na fé, tendo visto as promessas de longe (verifique Hebreus 11:13). Mas foi consolado das injustiças que via por meio da fé, crendo que o juiz de toda a Terra não deixará de fazer justiça, tal como já dizia Abraão (veja Gênesis 18:25). Hoje, cada cristão é chamado a crer que a justiça de Deus contra toda a impiedade também será feita: com tamanha corrupção na política; a cada vez mais insaciável ganância por dinheiro e poder tomando conta do mundo; a frieza com que as pessoas passam a tratar-se sendo cada vez mais evidente, com
Queridinhos Das Multidões
No filme “A Paixão de Cristo”, de 2004, o diretor Mel Gibson exibe uma curiosa cena: o diabo — intencionalmente interpretado por uma mulher (a atriz italiana Rosalinda Celentano) para ter uma aparência andrógina — carrega em seus braços um bebê de aparência bizarra (interpretado por um ator anão, o também italiano Davide Marotta), o qual olha para Cristo com um ar irônico e debochado, em meio à cena de sua flagelação.A cena, em um primeiro momento, não foi bem entendida pelo público, de modo que o próprio diretor posteriormente explicou que a intenção era mostrar uma tentativa de Satanás de fazer Jesus rebelar-se contra o Pai, mostrando que até o diabo tinha cuidado com seu “filho”, enquanto Deus estava permitindo que o seu, totalmente inocente e sem nenhum pecado, fosse cruelmente torturado e humilhado, levando-o a uma morte horrivelmente dolorosa e desonrosa, como a de um criminoso. Essa cena mostra a veracidade de uma pergunta feita pelo famoso pregador Charles Spurgeon:“Você espera ser honrado em um mundo em que seu Senhor foi crucificado?”De fato, o diabo e seu suposto “filho” no filme, não foram submetidos ao horror ao qual Jesus foi.E, no mundo em que a humanidade está, igualmente ele, mesmo que se encarne ou envie um representante (no caso, o Anticristo), eles não serão tratados como Jesus foi.Dessa mesma forma, como Spurgeon mostra, é absurdo um cristão esperar receber honra, glória e prestígio em um mundo que tratou o próprio Senhor Jesus Cristo como um pária, condenando-o às piores punições e à pior execução que havia em seu tempo.O próprio Jesus deixou muito claro que os que o seguissem seriam odiados por todos (conforme Mateus 10:22) e que, no mundo, os cristãos passariam por aflições (veja João 16:33): quando virmos, portanto, pessoas que se declaram cristãs sendo amadas, prestigiadas e elogiadas pelo mundo, isso é, no mínimo, um péssimo sinal. RECONHECIMENTO O Canal Multishow lançou uma nova categoria de premiação, a saber, para eleger o melhor hit Gospel do ano.O vencedor foi Kleber Lucas, juntamente com o declarado ateu Caetano Veloso, pela canção “Deus Cuida de Mim”.No entanto, o principal ponto a ser destacado não é a premiação em si, mas o fato de pessoas como o próprio Kleber — que nunca escondeu sua simpatia pelo candomblé, até tendo chegado a se apresentar em terreiros e financiar a restauração de um — além de outros como Priscilla “ex-Alcântara”, que abandonou o Gospel e hoje defende bandeiras progressistas, bem como Leonardo Gonçalves, que apresentou a premiação (ele teve de encerrar sua carreira como cantor Gospel devido a um problema incurável em suas cordas vocais, mas desde antes disso também já defendia ideologias esquerdistas, totalmente incompatíveis com o cristianismo), estarem ganhando cada vez mais espaço na mídia secular. Invariavelmente pessoas como estas — bem como muitas outras que têm as mesmas atitudes — fazem questão de exibir para todos o quanto têm de amigos e o quanto são amadas, queridas, bem tratadas, admiradas e prestigiadas; demonstrando uma grande alegria em se reunir com eles, mesmo que, quando o fazem, agem como se nada de cristianismo houvesse em suas vidas (e é de se pensar se realmente há), comportando-se como quaisquer pessoas do mundo.Kleber Lucas já divulgou vários vídeos das festas em em esteve presente, sempre sambando e com um copo de bebida.Priscilla já apareceu no programa da Fátima Bernardes consultando uma taróloga e, no dia da premiação do Multishow, questionada sobre a radical mudança em seu visual, disse que “sou geminiana, não tenho medo de mudanças”.Leonardo Gonçalves, juntamente com Kleber Lucas, se apresentaram na posse de Lula como Presidente da República, parecendo ignorar ou mesmo não se importar com a ideologia escancaradamente anticristã que ele defende.Enfim, exemplos de pessoas no meio Gospel que dizem uma coisa e fazem outra é o que não faltam. O que deve vir à mente do cristão em momentos como esses é a cena do filme de Mel Gibson: o mundo não crucificou ou difamou o diabo nem seu “filho”, antes crucificou Jesus.E aqui cabe uma pergunta: que tipo de “cristão” é honrado pelo mundo que crucificou seu Senhor?A resposta aparece na epístola de Paulo aos Gálatas: Estou chocado de que estejais vos desviando tão depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho, que na verdade, não é o Evangelho.O que acontece é que algumas pessoas vos estão confundindo, com o objetivo de corromper o Evangelho de Cristo.Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito!Conforme já vos revelei antes, declaro uma vez mais: qualquer pessoa que vos pregar um evangelho diferente daquele que já recebestes, seja amaldiçoado!Porventura, procuro eu agora o louvor dos homens ou aprovação de Deus?Ou estou tentando ser apenas agradável às pessoas?Se ainda estivesse buscando agradar a homens, não seria servo de Cristo! (Gálatas 1:6-10 – KJA) É interessante notar que Paulo ressalta que não existe “outro evangelho”, mas sim, perversões, ou seja, distorções do evangelho verdadeiro, que ele e os demais apóstolos pregavam… e qualquer um que fazia isso era declarado anátema, ou seja, amaldiçoado, condenado ao inferno!O “evangelho” que aceita coisas como ideologias esquerdistas, astrologia, sincretismo e coisas do tipo, pode ser muita coisa, mas não é Evangelho, com letra maiúscula, e sim, uma distorção, algo moldado de acordo com a conveniência e os desejos de quem crê nele e o prega, sendo, portanto, uma “evangelho” com letra minúscula, que não salva ninguém.No entanto, é esse “evangelho” que atrai o que de pior pode haver na vida de uma pessoa que se diz cristã: a aceitação, a admiração, a amizade do mundo. LIMITES É importante ressaltar que não há proibição nenhuma na Escritura de que um cristão tenha amizade com pessoas incrédulas ou de outras crenças, mas se essas amizades e essa aceitação decorrem do fato de um “cristão” aceitar moldar a mensagem do Evangelho de modo a conquistá-las, então, esse autoproclamado “cristão” não está pregando o Evangelho nem
É Castigo De Deus!
Jesus, embora transbordasse de amor em seu dia-a-dia no contato com quem o ouvia, não poupava palavras duras, às vezes até mesmo assustadoras, para expressar verdades.Um exemplo disso é quando Ele mostra que está inteiramente equivocada a ideia — que muitos possuíam e até hoje ainda possuem — de que “pecadores maiores” também sofreriam desgraças maiores: E, naquele mesmo tempo, estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.E, respondendo Jesus, disse-lhes:Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.Ou aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. (Lucas 13:1-5 – ACF) PRECONCEITO O povo judeu, naquela época, já estava sob uma mentalidade, forjada principalmente pelos fariseus, de que o cumprimento da Lei de Moisés e da tradição criada por eles próprios evitaria toda e qualquer dor e punição, bem como faria com que Deus estivesse “em dívida” com a pessoa, sendo obrigado a conceder-lhe bênçãos por mérito.Desse forma, era comum ver pessoas que, ao encontrarem um cego, um paralítico ou portador de qualquer deficiência, mesmo sem o conhecerem, sem saber nada de sua vida pregressa, simplesmente dissessem: “Louvado seja o Justo Juiz”.Através disso, pensavam que estariam glorificando a Deus por haver “punido um pecador” que, segundo acreditavam, fizera algo de grave para merecer a limitação que portava e ainda estariam afastando de si a possibilidade de igual punição no futuro, caso caíssem no mesmo pecado. É útil entendermos como era a cultura judaica na ocasião da vida terrena de Jesus, a fim de que o sentimento das pessoas da época em relação a acontecimentos tido como “espirituais” seja esclarecido.Há uma outra passagem dos Evangelhos, esta em João, que mostra até onde o preconceito dos judeus chegava: Ao caminhar, Jesus viu um cego de nascença.E seus discípulos lhe perguntaram:“Rabi, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?”Jesus lhes respondeu:“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que as obras de Deus fossem reveladas na vida dele. (João 9:1-3 – KJA) Nota-se que até mesmo os discípulos de Jesus carregavam em si a ideia de punições específicas para pecados específicos, chegando mesmo a dizer que o pecado dos pais traria maldição sobre os filhos.Vale ressaltar que, ao perguntar se o pecado era do próprio cego em questão, eles não estavam afirmando crer em reencarnação, como alguns defensores dessa crença alegam: na época, era crido que uma pessoa que portasse uma deficiência física desde o seu nascimento havia cometido algum pecado quando ainda estava no ventre da mãe, sendo a limitação de seu corpo o castigo dado por Deus para tal pecado. Jesus, no entanto, mostra o equívoco de tais ideias e seus consequentes comportamentos preconceituosos.Ao falar sobre os mortos na queda da Torre de Siloé, bem como sobre os que tiveram seu sangue misturado a sacrifícios a deuses pagãos (algo tido como o mais alto grau de blasfêmia e profanação possível para um judeu), Ele afirma algo inimaginável para muitos no seu tempo e, embora em menor grau, também para muitos hoje: não havia nenhuma diferença entre os que padeceram tais coisas, e os demais.E, no caso do cego de nascença, igualmente não havia nada de específico que ele ou seus pais tivessem feito, mas sim que havia um propósito para aquilo. De fato, não há ninguém em situação melhor ou pior diante de Deus.Todos — absolutamente todos! — no mundo estão sob o cativeiro do pecado, sendo diferentes apenas os atos pecaminosos praticados, mas sem que isso implique em alguém ser mais ou menos merecedor do castigo divino.Todos, sem exceção, são igualmente merecedores da condenação eterna, pois não existe nenhum santo diante da Lei de Deus. Ainda hoje e tal como os judeus daquele tempo, também há os que, seguindo a tendência natural do coração humano, acreditam que alguma desgraça muito grande é resultado direto de um pecado muito grave, o que, conforme o próprio Jesus afirmou, é um conceito totalmente equivocado: todos mereceriam igual destino, uma morte e violação humilhantes, e a condenação eterna.E, no caso do cego de nascença, tampouco havia qualquer injustiça da parte de Deus, pois todos são pecadores desde a concepção (vide Salmos 51:5) e Deus não deve nada ao ser humano.Se o Criador desejasse, poderia condenar toda a humanidade ao castigo eterno e não estaria sendo, de modo algum, injusto. LAMENTAÇÕES Isso nos remete ao livro das Lamentações de Jeremias, escrito como a expressão da tristeza do profeta durante a tomada de Jerusalém pelos Babilônios e o subsequente cativeiro ao qual Israel foi submetido durante 70 anos.Tal punição acontecera em função dos reiterados atos de apostasia e idolatria do povo, que vinham ocorrendo desde o tempo dos juízes, cerca de 700 anos antes da referida queda de Jerusalém.Consciente disso, Jeremias em momento algum lança qualquer reclamação ou acusação contra Deus pelo terrível evento: ao contrário, ele admite que tudo aquilo era menos do que Israel mereceria, e que a condenação final só não ocorrera por causa da misericórdia divina: As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. (Lamentações 3:22-23 – ACF) Deus permanece fiel ao que prometeu (a salvação dos que creem em Cristo), mesmo quando o seu próprio povo, ou um filho seu não lhe é fiel (vide 2 Timóteo 2:13), não porque o filho mereça tal fidelidade, mas porque a misericórdia e a fidelidade do Criador são muito maiores do que a mente humana pode conceber. Desse modo, quando algo de ruim acontece a um cristão, ou a qualquer pessoa, não há sentido algum em reclamar: ninguém merece coisa melhor e, na verdade, mereceria até mesmo coisas muito piores!E estas
“FOOTLOOSE – RITMO LOUCO”, lançado em 1984, é um dos filmes mais icônicos dos anos 80 e se você não assistiu é importante ressaltar que o texto a seguir está repleto de SPOILERS!No filme, um jovem chamado Ren McCormack (Kevin Bacon) se muda com sua mãe, Ethel (Frances Lee McCain), da cidade de Chicago para uma pequena comunidade chamada Bomont — onde o estilo de vida é bem mais conservador e pacato do que na metrópole — e conhece a família do Pr. Shaw Moore (John Lithgow), acabando por se afeiçoar à filha deste, Ariel (Lori Singer). A esposa de Shaw, Vi (Dianne Wiest) é uma pessoa cordial e gentil, mas não podemos dizer o mesmo de seu marido: Shaw é um homem severo, extremamente intransigente e que tem uma influência tão grande sobre a comunidade local que sua autoridade jamais é questionada por ninguém, nem mesmo no meio secular.Sua palavra é lei e uma das restrições na legislação da comunidade diz respeito à dança: qualquer baile ou festa que inclua esse ato é algo estritamente proibido nos limites do município e todas as tentativas de se flexibilizar essa lei sempre são barradas por Shaw, que determina como os legisladores locais devem votar em cada tentativa de mudança. Ren, que não aceita tal interferência de Shaw na vida particular dos moradores, rebela-se contra essa lei por considerá-la abusiva e isso acaba por custar-lhe até o emprego, além de ameaças cada vez mais ostensivas, como quando sua janela é quebrada por um tijolo com a inscrição “Queime no Inferno”.Shaw, que obviamente não simpatiza nem um pouco com Ren, proíbe Ariel de vê-lo, mas ela eventualmente revela a Ren o motivo de seu pai ser uma pessoa tão intratável e controladora, especialmente em relação à dança: cinco anos antes, seu irmão Bobby morrera em um acidente de trânsito ao voltar de um baile e Shaw, abalado pela perda do filho, decidiu fazer o que fosse preciso para proibir a dança no local. Isso impediria que os jovens moradores, que estavam terminando o ensino médio, pudessem realizar um baile de formatura, e Ren, auxiliado por Ariel, mostra, no dia de mais uma votação contra essa lei, várias passagens bíblicas onde a dança não só é permitida, mas até incentivada, mas não obtém sucesso.Após a tentativa frustrada, um morador revela a Ren que é perda de tempo tentar mudar essa lei, porque Shaw sempre vai a tais reuniões com a votação já totalmente acertada com os legisladores. No entanto, as consequências da mão de ferro com que Shaw trata a comunidade começam a aparecer: o pregador encontra vários membros de sua igreja retirando livros da biblioteca pública local e queimando-os diante dos olhos de todos, por considerá-los prejudiciais para os jovens, e ainda tem de encarar o choque de sua filha lhe revelar que não é mais virgem.Transtornado, vendo que seu cuidado sufocante com a comunidade teve o efeito inverso ao que pretendia, Shaw conversa com sua esposa e ela lhe diz que ele não pode querer ser responsável pela vida de todos e determinar o que é ou não certo em suas vidas pessoais, e que essa sua postura é o que faz ele não conseguir sequer ser um bom pai para Ariel, daí a rebeldia de sua filha.Ela conclui dizendo que Shaw é um ótimo pregador, capaz de fazer a congregação sentir o paraíso ao ouvi-lo, mas que ele é muito falho ao lidar com o ser humano. Por fim, Shaw, mesmo que ainda não tenha dito para os legisladores liberarem a dança no município, autoriza todos os jovens a celebrar sua formatura de ensino médio no município vizinho — incluindo Ariel— e segue-se a clássica cena final do filme, com as danças extravagantes e energéticas dos protagonistas no baile de formatura, ao som de “Footloose”, do roqueiro Kenny Loggins, que dá nome ao filme. A intenção deste texto não é avaliar o filme em si, e nem mesmo levar em conta a fé (ou sua ausência) nos atores que nele aparecem: nada tendo a ver com os personagens de perfil cristão que interpretaram, é sabido, por exemplo, que Kevin Bacon é ateu, Lori Singer é judia e John Lithgow, agnóstico.Existem, no entanto, duas lições bem importantes neste filme, que podem ser muito úteis à vida de testemunho do cristão, ambas ensinando, na verdade, coisas a serem evitadas. A primeira LIÇÃO É o fato de que não cabe ao cristão, enquanto testemunha do nome de Jesus, agir como “supervisor” da vida daqueles a quem testemunha ou que eventualmente seja convertido por seu intermédio.O que lhe compete é dar orientação, ensinar o que é ser cristão, os princípios que norteiam a vida de um filho de Deus e quais frutos Deus espera encontrar nas vidas daqueles que o seguem, frutos esses citados por Paulo.Tanto os da carne, que o cristão deve evitar: Ora, as obras da carne são manifestas:imoralidade sexual, impureza e libertinagem;idolatrias e feitiçarias;ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja;embriaguez, orgias e tudo quanto se pareça com essas perversidades, contra as quais vos advirto, como já vos preveni antes: os que as praticam não herdarão o Reino de Deus! (Gálatas 5:19-21 – KJA) Assim como também os que deve buscar: Entretanto, o fruto do Espírito é:amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.Contra essas virtudes não há Lei. (Gálatas 5:22-23 – KJA) O cristão não deve jamais moldar o Evangelho “ao gosto do freguês”, porque não existe Evangelho que se adapte à natureza humana, decaída em pecado!Tudo deve ser colocado de forma clara, mostrando que viver o Evangelho não é tarefa fácil e envolve, como disse Jesus, “negar a si mesmo e carregar a sua cruz” (vide Mateus 16:24), renunciando aos próprios desejos e vivendo para fazer a vontade de Deus. Porém, isso tampouco implica em que o cristão deva estar fiscalizando a vida alheia porque, tal como no filme, isso nunca leva a bom termo, mas a uma escolha entre dois resultados, ambos péssimos: à