É Castigo De Deus!

Um Conceito Tão Antigo Quanto Errôneo…

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Jesus, embora transbordasse de amor em seu dia-a-dia no contato com quem o ouvia, não poupava palavras duras, às vezes até mesmo assustadoras, para expressar verdades.
Um exemplo disso é quando Ele mostra que está inteiramente equivocada a ideia — que muitos possuíam e até hoje ainda possuem — de que “pecadores maiores” também sofreriam desgraças maiores:

E, naquele mesmo tempo, estavam presentes ali alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.
E, respondendo Jesus, disse-lhes:
Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Ou aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?
Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.

(Lucas 13:1-5 – ACF)

PRECONCEITO

O povo judeu, naquela época, já estava sob uma mentalidade, forjada principalmente pelos fariseus, de que o cumprimento da Lei de Moisés e da tradição criada por eles próprios evitaria toda e qualquer dor e punição, bem como faria com que Deus estivesse “em dívida” com a pessoa, sendo obrigado a conceder-lhe bênçãos por mérito.
Desse forma, era comum ver pessoas que, ao encontrarem um cego, um paralítico ou portador de qualquer deficiência, mesmo sem o conhecerem, sem saber nada de sua vida pregressa, simplesmente dissessem: “Louvado seja o Justo Juiz”.
Através disso, pensavam que estariam glorificando a Deus por haver “punido um pecador” que, segundo acreditavam, fizera algo de grave para merecer a limitação que portava e ainda estariam afastando de si a possibilidade de igual punição no futuro, caso caíssem no mesmo pecado.

É útil entendermos como era a cultura judaica na ocasião da vida terrena de Jesus, a fim de que o sentimento das pessoas da época em relação a acontecimentos tido como “espirituais” seja esclarecido.
Há uma outra passagem dos Evangelhos, esta em João, que mostra até onde o preconceito dos judeus chegava:

Ao caminhar, Jesus viu um cego de nascença.
E seus discípulos lhe perguntaram:
“Rabi, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?”
Jesus lhes respondeu:
“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que as obras de Deus fossem reveladas na vida dele.

(João 9:1-3 – KJA)

Nota-se que até mesmo os discípulos de Jesus carregavam em si a ideia de punições específicas para pecados específicos, chegando mesmo a dizer que o pecado dos pais traria maldição sobre os filhos.
Vale ressaltar que, ao perguntar se o pecado era do próprio cego em questão, eles não estavam afirmando crer em reencarnação, como alguns defensores dessa crença alegam: na época, era crido que uma pessoa que portasse uma deficiência física desde o seu nascimento havia cometido algum pecado quando ainda estava no ventre da mãe, sendo a limitação de seu corpo o castigo dado por Deus para tal pecado.

Jesus, no entanto, mostra o equívoco de tais ideias e seus consequentes comportamentos preconceituosos.
Ao falar sobre os mortos na queda da Torre de Siloé, bem como sobre os que tiveram seu sangue misturado a sacrifícios a deuses pagãos (algo tido como o mais alto grau de blasfêmia e profanação possível para um judeu), Ele afirma algo inimaginável para muitos no seu tempo e, embora em menor grau, também para muitos hoje: não havia nenhuma diferença entre os que padeceram tais coisas, e os demais.
E, no caso do cego de nascença, igualmente não havia nada de específico que ele ou seus pais tivessem feito, mas sim que havia um propósito para aquilo.

De fato, não há ninguém em situação melhor ou pior diante de Deus.
Todos — absolutamente todos! — no mundo estão sob o cativeiro do pecado, sendo diferentes apenas os atos pecaminosos praticados, mas sem que isso implique em alguém ser mais ou menos merecedor do castigo divino.
Todos, sem exceção, são igualmente merecedores da condenação eterna, pois não existe nenhum santo diante da Lei de Deus.

Ainda hoje e tal como os judeus daquele tempo, também há os que, seguindo a tendência natural do coração humano, acreditam que alguma desgraça muito grande é resultado direto de um pecado muito grave, o que, conforme o próprio Jesus afirmou, é um conceito totalmente equivocado: todos mereceriam igual destino, uma morte e violação humilhantes, e a condenação eterna.
E, no caso do cego de nascença, tampouco havia qualquer injustiça da parte de Deus, pois todos são pecadores desde a concepção (vide Salmos 51:5) e Deus não deve nada ao ser humano.
Se o Criador desejasse, poderia condenar toda a humanidade ao castigo eterno e não estaria sendo, de modo algum, injusto.

LAMENTAÇÕES

Isso nos remete ao livro das Lamentações de Jeremias, escrito como a expressão da tristeza do profeta durante a tomada de Jerusalém pelos Babilônios e o subsequente cativeiro ao qual Israel foi submetido durante 70 anos.
Tal punição acontecera em função dos reiterados atos de apostasia e idolatria do povo, que vinham ocorrendo desde o tempo dos juízes, cerca de 700 anos antes da referida queda de Jerusalém.
Consciente disso, Jeremias em momento algum lança qualquer reclamação ou acusação contra Deus pelo terrível evento: ao contrário, ele admite que tudo aquilo era menos do que Israel mereceria, e que a condenação final só não ocorrera por causa da misericórdia divina:

As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.

(Lamentações 3:22-23 – ACF)

Deus permanece fiel ao que prometeu (a salvação dos que creem em Cristo), mesmo quando o seu próprio povo, ou um filho seu não lhe é fiel (vide 2 Timóteo 2:13), não porque o filho mereça tal fidelidade, mas porque a misericórdia e a fidelidade do Criador são muito maiores do que a mente humana pode conceber.

Desse modo, quando algo de ruim acontece a um cristão, ou a qualquer pessoa, não há sentido algum em reclamar: ninguém merece coisa melhor e, na verdade, mereceria até mesmo coisas muito piores!
E estas só não acontecem por causa da misericórdia divina, que enviou a Salvador Jesus Cristo para tomar sobre si o castigo que todos nós merecermos.

Esta é a grande prova do quanto “a causa de não sermos consumidos” não está em nós mesmos, mas em Deus, na pessoa e na obra do Salvador.
Confiemos n’Ele em qualquer circunstância, mesmo que as desgraças (que bem merecemos) possam eventualmente nos atingir.
Da maior de todas as desgraças — a condenação eterna — Jesus nos livrou e, um dia, receberemos não o que merecemos, mas o que Cristo mereceu, o Reino dos Céus… e isso por Ele ter recebido o que também não merecia: “o castigo que nos traz a paz” (vide Isaías 53:5).
E tudo pela misericórdia divina, que é a causa de não sermos consumidos.

Nos Laços do Calvário

TÍTULO ORIGINAL: A CAUSA DE NÃO SERMOS CONSUMIDOS

Decidi fazer, na imagem de abertura, uma referência ao episódio ocorrido recente, em 10 de novembro de 2023, quando uma vereadora da cidade de Arcoverde, no sertão de Pernambuco, afirmou que determinada mulher (que lhe importunava) tivera um filho deficiente por castigo de Deus!, na mesma linha equivocada dos discípulos de Cristo e mencionada no presente artigo.
A política renunciou ao cargo, mas ao contrário de alguma suposta “evolução” temos visto que a humanidade se revela em franco retrocesso rumo a um comportamento digno dos “dias de Noé”… e isso é apenas mais um indício de que os tempos finais estão se configurando muito rapidamente e, antes que o Senhor volte como um ladrão na noite, é necessário que o profetizado reinado do anticristo se consolide não apenas no Brasil, mas por todo o mundo!
Na fase 2023 d’O Pior evangelho decidi lançar mão de novos formatos na expectativa auxiliar a aumentar o alcance dos conteúdos relacionados às Escrituras — stories, vídeos, textos mais curtos, autores convidados… — e essa publicação, onde tomei a liberdade de realizar revisão e ilustração, é parte desse projeto.
Obrigado por ter lido até aqui.
Continuo necessitando de toda colaboração possível: comentários, compartilhamentos e reações ajudam a divulgar este conteúdo que foi integralmente produzido na intenção de colaborar para a edificação do Corpo de Cristo no mundo.

Tenho vergonha de pedir.
Odeio incomodar os leitores e passei o ano de 2023 inteiro apenas publicando comentários, como os acima, em letras castanhas sem qualquer pretensão de ser incisivo em meus pedidos. Fiz isso porque ainda depositava uma pequena parcela de credibilidade na justiça e aguardava que ela, diante de minha incontestável deficiência, intimasse a seguradora a honrar o seguro funcional que me vendeu.
Só que deu tudo errado e nem os mais altos graus dos juízes deste país recusam suborno!

De súbito, fui lançado numa situação de extrema necessidade financeira e tanto os links imediatamente acima quanto o vídeo ao lado podem esclarecer o nível de desespero que me acomete e me traz a publicar esse apelo ao final da maioria de minhas publicações.

Peço perdão pelo incômodo, mas peço que, por favor, assista e ajude não apenas a manter esse site, mas também o próprio editor e sua família, com vida e saúde: eu realmente sentiria muita vergonha de expor tudo isso se não fosse a mais pura realidade.

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Agradeço pela atenção e rogo a Deus que, independente do valor ofertado, multiplique as bênçãos e livramentos nas vidas daqueles que se se dispuserem a colaborar.

Parafraseando o apóstolo Paulo em Efésios 6:23-24, que a graça e a paz sejam conosco, todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade, hoje e para todo o sempre!

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