Quando se aplicam os termos “Fariseu” ou “Farisaísmo”, normalmente nos vem à mente a imagem de pessoas hipócritas e arrogantes, que se achavam superiores aos demais judeus de seu tempo: embora tais ideias não estejam erradas, elas ainda não chegam ao cerne da questão do farisaísmo, que tem raízes mais profundas do que simplesmente a péssima conduta e a atitude soberba.
O termo “fariseu” deriva do hebraico “pharash“, que significa “estar separado”.
Em termos doutrinários, os fariseus se enxergavam — devido ao seu extremo zelo pelas leis judaicas e tradições advindas destas — como um grupo à parte dos demais judeus. Consideravam eles que a Torah poderia ser resumida em 613 tradições (elaboradas a partir de suas próprias interpretações da Lei de Moisés) e a observação de tais tradições era constante e implacavelmente cobrada por eles dos demais judeus de sua época.
Algumas destas tradições chegavam às raias do absurdo como, por exemplo, uma que proibia a pessoa de se olhar em um espelho aos sábados… isso porque ela poderia perceber que tinha algum cabelo branco, se sentisse tentada a removê-lo e, ao fazer isso, estaria violando o descanso absoluto imposto pelo sábado judeu.
No entanto, os fariseus não eram problemáticos apenas na questão religiosa: a verdadeira fonte de sua nocividade era a sua ambição política pela manutenção do poder que detinham sobre o povo.
Sendo considerados autoridades na Torah, eram obedecidos de forma praticamente incondicional por muitos. Os poucos que ousavam rebelar-se contra tamanha tirania eram frequentemente convocados ao Sinédrio e julgados, praticamente sempre já estando condenados de forma antecipada por meio da convocação de testemunhas compradas.
Durante o domínio Romano, a religião judaica era tratada em Israel como Roma tratava todas as religiões do povos conquistados, ou seja, era necessário que os líderes fariseus fizessem concessões aos dominadores, aceitando determinadas condições — inclusive a submissão ao poder do estado — para que permanecessem no cargo.
Caifás — que era do grupo dos fariseus e o sumo sacerdote na ocasião em que Jesus foi condenado à crucificação — certamente mantinha boas relações com Roma e com Pilatos, dada a sua longa permanência como sumo sacerdote (cerca de 18 anos, algo muito raro na época).
Isso fica ainda mais evidente quando se vê que ele e seus aliados foram recebidos sem qualquer restrição pelo governador Romano na ocasião em que tramavam entregar Jesus para o poder do estado, a fim de que fosse crucificado (verifique em Mateus 27:1-2; Marcos 15:1 e Lucas 23:1).
Jesus era, obviamente, uma ameaça ao poder dos fariseus em Israel.
Com sua pregação centrada no sentido original da Lei Mosaica, apresentando a necessidade do derramamento de sangue para haver redenção e mostrando que a verdadeira fé estava em se esperar pelo Messias (veja Colossenses 2:16-17), Ele desacreditava os ensinos e as tradições dos fariseus, que insistiam no cumprimento da lei de acordo com a sua própria interpretação (além da observância das 613 tradições adicionadas por eles), o que só resultava em um pesado fardo para o povo e na manutenção de sua tirania e poder, que lhes eram altamente lucrativos financeiramente.
Isso deve ser suficiente para explicar a hostilidade dos mesmos em relação a Jesus e aos apóstolos…
O resultado dessa ambição foi — além da crucificação de Jesus e a posterior perseguição aos apóstolos — algo que permanece até os dias atuais: a apostasia dos judeus, que à exceção dos messiânicos, rejeitam Jesus como o Messias.
Tudo por causa destes mesmos ambiciosos fariseus que, temendo perder o domínio sobre o povo, subornaram os guardas para que anunciassem que Jesus não ressuscitara, mas tivera seu corpo furtado pelos discípulos (verifique em Mateus 28:12-15).
Em suma, os fariseus eram pessoas que essencialmente se afirmavam seguidores de Deus, praticantes de seus preceitos e observadores de suas leis, mas que, na prática, priorizavam seu poder e sua ambição política acima de sua declarada religiosidade. Seu suposto temor a Deus era apenas uma “fachada”, um disfarce para suas reais intenções, que eram a obtenção e a manutenção de seu poder sobre o povo.
E hoje, será que existem fariseus?
A resposta é “SIM”.
Embora seja mais difícil de perceber o erro quando se está inserido em seu meio ou rodeado por eles, a verdade é que os fariseus dos tempos atuais continuam a atuar de forma bem semelhante aos dos primeiros tempos da era cristã.
Como foi colocado, a prioridade dos fariseus originais não era a espiritualidade, mas a política, algo que os favorecia na obtenção e manutenção de poder sobre os demais.
E como se poderia evitar de dizer que o que não faltam hoje são pessoas que usam um invólucro de religiosidade, muitas vezes se valendo do nome de Deus e do Messias, não porque se importem com eles, mas porque isso os torna mais atraentes para o eleitorado, facilitando seu acesso a cargos altamente vantajosos?
Mas, frequente e infelizmente, ao alcançarem as posições ambicionadas, logo revelam que nada possuem de temor a Deus e, pelo contrário, se julgam no direito de utilizar sua popularidade para concentrar mais e mais poder (e, em consequência, dinheiro) em torno de si.
E, para assegurar a manutenção desse poder, cercam-se de outros fariseus, que os apoiam de forma praticamente incondicional, não importando o que façam, porque buscam ter também a sua parte nas vantagens decorrentes do poder desses fariseus.
Tudo isso é apoiado por uma multidão de pessoas que creem estar obedecendo a Deus por apoiar tais fariseus dos tempos de hoje, quando, na verdade, nada mais são do que fonte de riqueza, poder e prestígio para eles, enquanto Deus nada tem de participação nisso ou aprovação de tais atitudes… a não ser como um slogan.
Se a consequência do farisaísmo dos tempos de Jesus foi a apostasia dos judeus, o que pode advir do farisaísmo contemporâneo é a aceitação e exaltação do Anticristo, cujo caminho já está sendo pavimentado pelas principais lideranças mundiais.
O apoio incondicional das massas a determinados políticos e líderes nos dias atuais, apenas favorece a implantação da Nova Ordem Mundial, que tem a ambição de estabelecer um só governo, uma só moeda, uma só língua e — o mais perigoso de tudo — uma só religião, na qual o líder mundial será tratado como um deus.
Líder esse que a Bíblia aponta como o Anticristo:
Caros Irmãos, quanto ao retorno do nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele,
(2 Tessalonicenses 2:1-4 – KJA)
vos suplicamos que não permitais que vosso modo de crer seja influenciado,
nem fiqueis amedrontados por causa de profecia, palavra ou carta atribuídos indevidamente à nossa autoria,
como se o Dia do Senhor já tivesse chegado.
Não vos deixes enganar de forma alguma, por ninguém.
Porquanto, antes daquele Dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição.
Aquele que se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração,
a ponto de se assentar no santuário de Deus, apresentando-se como Deus.
Crendo que estão seguindo a vontade de Deus ao apoiar líderes — que, na realidade, idolatram —, muitos estão lhes dando uma espécie de “carta branca” para realizar e impor o que bem quiserem.
E se apenas as migalhas de vantagens concedidas por tais líderes a eles já bastam para que deixem sua fé em segundo plano, o que será deles quando o Anticristo se manifestar e apresentar a pregação de um “mundo melhor”, maravilhando a muitos com seu carisma e influência?
Por que resistiriam a tamanhas vantagens políticas e econômicas advindas do filho da perdição, quando não resistiram nem mesmo a “amostras grátis” oferecidas por seus antecessores?
Por isso o farisaísmo dos tempos atuais não é, em essência, diferente daquele que havia em Israel nos tempos de Jesus, porém suas consequências são potencial e exponencialmente maiores, com alcance que pode levar não apenas uma nação, mas todo o mundo a afastar-se do único Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo.
Vantagens políticas ou econômicas, poder, dinheiro e prestígio terreno raramente são coisas encontradas na vida de verdadeiros filhos de Deus, sendo muito mais frequentemente a marca da maldição eterna que recairá sobre os ímpios.
Acima de tudo, que cada cristão tenha sempre em mente que este mundo não é o seu lugar.
Eles não são do mundo, como também Eu não sou.
(João 17:16 – KJA)
Já dizia Jonathan Edwards: “A Terra é o único inferno que os crentes irão suportar e o único paraíso que os ímpios irão desfrutar”.
A Terra foi amaldiçoada por Deus no momento em que o ser humano caiu em pecado, e só a criação de Novos Céus e Nova Terra é capaz de por um real fim a essa maldição.
Então voltou-se para o homem e ordenou:
(Gênesis 3:17 / Apocalipse 21:1-4 – KJA)
“Porque escutaste a voz de tua mulher e comeste da árvore que Eu te proibira comer, maldita é a terra por tua causa!
Com sofrimentos obterás do solo o teu alimento, todos os dias da tua vida.”
(…)
Então vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra haviam passado; e o mar já não mais existia.
Vi também a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, adornada como uma linda noiva para o seu esposo amado.
E ouvi uma forte voz que procedia do trono e declarava:
“Eis que o Tabernáculo de Deus agora está entre os homens, com os quais Ele habitará.
Eles serão o seu povo e o próprio Deus viverá com eles, e será o seu Deus.
Ele lhes enxugará dos olhos toda a lágrima;
não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porquanto a antiga ordem está encerrada!”
Que os verdadeiros cristãos recebam do Senhor a capacidade para abrir mão das regalias deste mundo, que não perdurarão por muito tempo: as coisas que não se podem ver, essas sim, são eternas e é nelas que está a recompensa para aqueles que permanecerem fiéis a Jesus até mesmo em face da morte.
Sendo assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se pode enxergar, mas nos elementos que não são vistos;
(2 Coríntios 4:18 / Apocalipse 2:10 – KJA)
pois os visíveis são temporais, ao passo que os que não se vêem são eternos.
(…)
Não temas nada do que estais prestes a sofrer!
Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão; a fim de que sejais provados,
e sofrereis perseguição durante dez dias.
Sê fiel até a morte, e Eu te darei a coroa da vida!
Nos Laços do Calvário
Eduardo Pydd
Nascido na Porto Alegre de 1973, exerceu ministério pastoral na IELB — Igreja Evangélica Luterana do Brasil entre 1999 e 2008. Radicado em São Paulo desde o final de 2008.
P.S. — Os fariseus não devem ser confundidos com os saduceus, que eram, na verdade, seus opositores, estes últimos oriundos de famílias mais abastadas em Israel do que as dos fariseus. Seu nome deriva de Zadoque, sacerdote cuja família deveria, segundo criam, exercer o sacerdócio na Jerusalém restaurada após o fim do cativeiro Babilônico.
O que se tem de referência bíblica sobre seus ensinos são apenas os versículos de Mateus 22:23, Marcos 12:18, Lucas 20:27 e Atos 23:8, onde é dito que negavam coisas que os fariseus reconheciam, como a ressurreição e a existência dos anjos e de espíritos.
As demais doutrinas dos saduceus no entanto, são desconhecidas, pois seus escritos não sobreviveram além dos tempos bíblicos.
Coincidências (ou não) à parte, parece que os tempos finais estão se revelando cada vez mais rapidamente e, antes que o Senhor volte como um ladrão na noite, já podemos observar indícios do profetizado reinado do anticristo se consolidando não apenas no Brasil, mas por todo o mundo!
Na fase 2023 d’O Pior evangelho decidi lançar mão de novos formatos na expectativa auxiliar a aumentar o alcance dos conteúdos relacionados às Escrituras — stories, vídeos, textos mais curtos, autores convidados… — e essa publicação, onde tomei a liberdade de realizar revisão e ilustração, é parte desse projeto.
Obrigado por ter lido até aqui.
Continuo necessitando de toda colaboração possível: comentários, compartilhamentos e reações ajudam a divulgar este conteúdo que foi integralmente produzido na intenção de colaborar para a edificação do Corpo de Cristo no mundo.
Tenho vergonha de pedir.
Odeio incomodar os leitores e passei o ano de 2023 inteiro apenas publicando comentários, como os acima, em letras castanhas sem qualquer pretensão de ser incisivo em meus pedidos. Fiz isso porque ainda depositava uma pequena parcela de credibilidade na justiça e aguardava que ela, diante de minha incontestável deficiência, intimasse a seguradora a honrar o seguro funcional que me vendeu.
Só que deu tudo errado e nem os mais altos graus dos juízes deste país recusam suborno!
De súbito, fui lançado numa situação de extrema necessidade financeira e tanto os links imediatamente acima quanto o vídeo ao lado podem esclarecer o nível de desespero que me acomete e me traz a publicar esse apelo ao final da maioria de minhas publicações.
Peço perdão pelo incômodo, mas peço que, por favor, assista e ajude não apenas a manter esse site, mas também o próprio editor e sua família, com vida e saúde: eu realmente sentiria muita vergonha de expor tudo isso se não fosse a mais pura realidade.
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Parafraseando o apóstolo Paulo em Efésios 6:23-24, que a graça e a paz sejam conosco, todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade, hoje e para todo o sempre!