A chamada “lista dos heróis da fé” encontra-se no texto de Hebreus 11, onde são apontados vários ancestrais do povo de Israel, bem como da humanidade em geral, mostrando as proezas realizadas por aqueles que tiveram fé no Deus Criador e na promessa do envio do Salvador… mesmo que tenham morrido sem a oportunidade de conhecer Jesus na sua vida terrena.
Ora, a fé é a certeza de que haveremos de receber o que esperamos, e a prova daquilo que não podemos ver.
(Hebreus 11:1-3 – KJA)
Porquanto foi mediante a fé que os antigos receberam bom testemunho.
Pela fé compreendemos que o Universo foi criado por intermédio da Palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi produzido a partir daquilo que não se vê.
O capítulo inicia com a definição do que é “FÉ”, ou seja, “a certeza das coisas que se esperam e a convicção dos fatos que se não veem” — como se diz atualmente, é acreditar em algo que não pode ser provado, sentido ou analisado pelos sentidos humanos — assim como é ter convicção de que mesmo as coisas que não aparecem existem, ainda que não possam ser percebidas pelo homem em seu estado terreno.
Nesta reflexão, vamos destacar Moisés, escritor do Pentateuco (ou seja, os cinco primeiros livros da Bíblia) e considerado o maior profeta do Antigo Testamento. As passagens que se referem a ele serão transcritas a seguir, conforme formos realizando um estudo expositivo:
Mediante fé, Moisés, ainda recém-nascido, foi escondido durante três meses por seus pais, porque perceberam que sua formosura não era comum, e não temeram o decreto do rei.
(Hebreus 11:23 – KJA)
Fica evidente nesta passagem a ESCOLHA de Moisés pelo Criador, separando-o para um propósito específico, o qual seria cumprido nada menos do que 80 anos no futuro: a libertação de Israel do cativeiro egípcio.
Seus pais, embora desconhecessem o plano divino para o bebê, foram tocados pela formosura que ele tinha e se recusaram a obedecer à tirania do Faraó, que ordenara a morte de todos os bebês homens que nascessem aos hebreus.
É bem sabido que, para proteger o bebê, seus pais o colocaram até mesmo em um cesto e o deixaram no rio Nilo, confiando que Deus o protegeria, como de fato aconteceu, e ele acabou por se tornar integrante da corte do Egito.
Pela fé, Moisés, já adulto, recusou ser aclamado como filho da filha do Faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres que o pecado é capaz de proporcionar por curto período de tempo.
(Hebreus 11:24-25 – KJA)
Aqui nota-se outra virtude de Moisés, a saber, a INTEGRIDADE.
Não se sabe o momento em que, de fato, Moisés soube que não era egípcio (e isso gera muitas variações nos roteiros de filmes e séries que narram sua história), porém — como se vê nesta passagem e tal como relatado no livro de Êxodo — pode-se ter certeza de que, na idade adulta, ele já sabia desse fato.
E, portanto, já crendo no Deus verdadeiro, não aceitou cultuar os deuses de pedra e as estátuas do panteão egípcio, o que certamente lhe rendeu a rejeição por parte da família de Faraó, que o criara como filho.
Isso não era pouca coisa: Moisés era membro da corte da maior potência econômica e militar do seu tempo.
Seria como alguém, atualmente, recusar-se a usufruir das vantagens de ser integrante do governo americano, russo ou chinês, a fim de não se afastar do Deus verdadeiro, em quem crê.
Por amor ao Messias, julgou sua desonra uma riqueza mais excelente que os tesouros do Egito, porquanto contemplava sua gloriosa recompensa.
(Hebreus 11:26 – KJA)
Este ponto está intimamente ligado ao anterior.
Moisés foi íntegro porque tinha outra virtude: a VISÃO, no caso, no sentido de ver além da vantagem e do sucesso imediatos.
Como a própria passagem menciona, ele sabia que os tesouros do Egito eram o mesmo que nada, comparados ao galardão celestial que Deus concede aos que o amam.
Todas as riquezas e prazeres terrenos são transitórios, ao passo que os celestiais são, além de inconcebivelmente maiores, eternos.
Por isso, mesmo ainda sem conhecer o nome do Salvador, ele já sabia que aquele que viria no futuro sofreria opróbrio, ou seja, seria maltratado, muito mais do que ele próprio estava sendo, mas que isso seria para a salvação da humanidade e a reconciliação com o Criador, muito maiores alegrias do que qualquer coisa que se possa obter na Terra.
E ele sabia de tudo isso, pois é o escritor do livro de Gênesis, onde está a primeira promessa da vida do Salvador que esmagaria a cabeça da serpente (consulte Gênesis 3:15).
Por meio da fé, abandonou o Egito, não temendo a ira do rei, e perseverou, pois fitava Aquele que é invisível.
(Hebreus 11:27 – KJA)
O que transparece nesta passagem é DECISÃO de Moisés.
Ainda que ele tenha tido de fugir por conta de haver matado um egípcio (e certamente sofreria graves consequências por isso), a verdade é que isso mais uma vez revela que, mesmo sendo um homem falho e pecador como qualquer outro — afinal, tirou a vida de outra pessoa em um momento de ira —, Moisés confiou no Senhor a ponto de não hesitar em ir para o deserto, onde suas chances de sobrevivência eram remotas, para encontrar outra família temente a Deus em Midiã, e lá encontrar sua esposa Zípora e gerar seus dois filhos, Gérson e Eliézer.
E nisso se cumpriu mais uma parte do plano de Deus, pois Moisés aprendeu a humildade, sendo um pastor de ovelhas por 40 anos, depois de ter vivido como uma autoridade no Egito nos 40 anos anteriores.
Por intermédio da fé, celebrou a Páscoa e fez aspersão do sangue, para que o anjo destruidor não tocasse nos primogênitos dos israelitas.
(Hebreus 11:28 – KJA)
Aqui nota-se a OBEDIÊNCIA de Moisés, que celebrou a Páscoa (que apontava para o futuro sacrifício do Salvador) por ordem divina, e, com isso, fez com que nenhum primogênito israelita tivesse sua vida ceifada pelo anjo destruidor.
Já no caso do Egito — onde a grande maioria das pessoas não aceitava o Deus verdadeiro — o clamor foi indescritível, com um morto em cada casa, o que implicava que ninguém podia sequer contar com o consolo de qualquer parente ou amigo, pois cada um tinha de lidar com a sua própria dor.
E essa obediência permaneceu por todo o restante de sua vida, cumprindo todas as ordens que recebia da parte de Deus e o glorificando, durante toda a travessia do deserto, só falhando no episódio das águas de Meribá, em que ele e Arão, certamente irritados com os anos e anos de reclamações dos israelitas, se descontrolaram, levando Moisés a bater na rocha em vez de falar a ela… e isso lhes custou a proibição de entrar na terra prometida (veja Números 20:2-13).
Pela fé, o povo atravessou o mar Vermelho como em terra seca; mas quando os egípcios procuraram também atravessá-lo, morreram afogados.
(Hebreus 11:29 – KJA)
Por último, a RESPONSABILIDADE de Moisés.
Ninguém, em sã consciência, esperaria que o mar se abrisse diante de si para que todo o povo o atravessasse, mas ele avançou mesmo que isso pudesse parecer uma loucura para muitos: o fato é que ele só agiu dessa forma porque Deus lhe havia dito para que fizesse isso (verifique Êxodo 14:15-31), não se tratando, portanto, de um ato impensado, feito por impulsividade ou desespero.
E, tal como Deus havia revelado a ele, os egípcios que os perseguiam nunca mais foram vistos pelos israelitas (veja Êxodo 14:13-14), tendo sido afogados no mar que se fechou sobre eles.
Tudo isso só foi possível por algo comum a todas as virtudes que Moisés demonstrou, e que era a raiz de todas elas: a FÉ, como é afirmado várias vezes na passagem em que Moisés é destacado.
A fé de Moisés não era essencialmente diferente daquela que os cristãos têm hoje, apenas se focava em um momento diferente, aguardando o Salvador que viria, enquanto hoje se crê no Salvador que já veio.
E, se essa mesma fé o tornou um exemplo de conduta e obediência a Deus, ainda que nem ele nem qualquer um de nós possa ser perfeito na vida terrena, certamente pode fazer o mesmo por cada cristão que verdadeiramente entregar-se na íntegra a Deus, confiando que aquilo que AINDA não se vê será visto depois do fim da vida terrena, especialmente a face de Deus, na Nova Jerusalém:
E nunca mais haverá maldição.
(Apocalipse 22:3-5 – KJA)
Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro; e os servos do Senhor o servirão.
Eles contemplarão a sua face, e o seu Nome estará sobre as frontes dos seus servos.
Assim, já não haverá noite, nem necessitarão eles da luz dos candelabros, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará, e eles reinarão para todo o sempre.
Sejamos como Moisés, tendo nosso coração nas coisas do alto, confiando n’Aquele que nunca deixou que qualquer promessa sua falhasse.
Mesmo que Moisés e tantos outros tenham morrido sem ver a concretização da promessa (veja Hebreus 11:32-40), o galardão de todos os que confiam em Deus será concedido na eternidade, tanto a eles quanto aos cristãos de todos as épocas, inclusive a de hoje.
Nos Laços do Calvário
Eduardo Pydd
Nascido na Porto Alegre de 1973, exerceu ministério pastoral na IELB — Igreja Evangélica Luterana do Brasil entre 1999 e 2008. Radicado em São Paulo desde o final de 2008.
Vivemos em um tempo no qual as pessoas parecem incapazes de acompanhar sequer o desenvolvimento de um raciocínio, quanto mais crer no porvir!
Tais personalidades rasas que apenas se satisfazem com soluções imediatas, são apenas mais um indício de que os tempos finais estão se configurando vez mais rapidamente e, antes que o Senhor volte como um ladrão na noite, é necessário que o profetizado reinado do anticristo se consolide não apenas no Brasil, mas por todo o mundo!
Na fase 2023 d’O Pior evangelho decidi lançar mão de novos formatos na expectativa auxiliar a aumentar o alcance dos conteúdos relacionados às Escrituras — stories, vídeos, textos mais curtos, autores convidados… — e essa publicação, onde tomei a liberdade de realizar revisão e ilustração, é parte desse projeto.
Obrigado por ter lido até aqui.
Continuo necessitando de toda colaboração possível: comentários, compartilhamentos e reações ajudam a divulgar este conteúdo que foi integralmente produzido na intenção de colaborar para a edificação do Corpo de Cristo no mundo.
Tenho vergonha de pedir.
Odeio incomodar os leitores e passei o ano de 2023 inteiro apenas publicando comentários, como os acima, em letras castanhas sem qualquer pretensão de ser incisivo em meus pedidos. Fiz isso porque ainda depositava uma pequena parcela de credibilidade na justiça e aguardava que ela, diante de minha incontestável deficiência, intimasse a seguradora a honrar o seguro funcional que me vendeu.
Só que deu tudo errado e nem os mais altos graus dos juízes deste país recusam suborno!
De súbito, fui lançado numa situação de extrema necessidade financeira e tanto os links imediatamente acima quanto o vídeo ao lado podem esclarecer o nível de desespero que me acomete e me traz a publicar esse apelo ao final da maioria de minhas publicações.
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