Se Jesus lhe aparecesse hoje e dissesse algo que não está na Bíblia ou até a contradissesse, você acreditaria nele ou na Bíblia?
Essa pergunta foi feita há alguns meses numa página cristã (da rede social Facebook) e, enquanto cerca de 90% das pessoas que responderam afirmaram que creriam no suposto Jesus, apenas uma irrisória parte dos usuários disse que acreditaria na Bíblia.
Esse é um equívoco… e não qualquer equívoco: trata-se de algo extremamente perigoso!
O próprio Jesus alertou a respeito do surgimento de falsos Cristos e falsos profetas, e que a sua vinda não se dará por meios “normais”, ou seja, de uma forma que qualquer pessoa poderia realizar. Isso fica bem evidente no texto do sermão escatológico:
Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito;
(Mateus 24:23-27 – ACF)
Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios
que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
Eis que eu vo-lo tenho predito.
Portanto, se vos disserem:
Eis que ele está no deserto, não saiais.
Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.
Quem prontamente aceita as palavras de um alegado “Cristo” que — antes do dia do juízo — se apresenta de forma visível e palpável está, invariavelmente, acreditando em um falso Cristo ou falso profeta, caso este não se diga o Filho de Deus, mas pregue coisas que contrariam a Escritura.
O caso é que nos tempos atuais, a Bíblia tem — inclusive dentro de muitas “igrejas” — sido usada como mero pretexto, uma forma de se “justificar” pensamentos e ideologias das mais absurdas e por isso mesmo, por essa campanha de distorção e descrédito, muitos acreditam em supostos “Cristos” e autoproclamados “profetas”, ainda que declarem sandices.
Alegados “pastores” — como, por exemplo, Caio Fábio — costumam gravar vídeos afirmando que a condenação de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, algo explícito nas Escrituras, era simplesmente uma “questão cultural”…
É por isso que um de seus admiradores, Ed René Kivitz, afirma que a Bíblia é “insuficiente” e que precisa ser “atualizada”.
Levando-se em conta o contexto do mundo atual, em que o que vale é “ser feliz” e ter todos os desejos satisfeitos, muitos — inclusive frequentadores de empresas eclesiásticas — acabam por acreditar nesse discurso absolutamente contrário ao que as Escrituras apresentam.
Tudo isso vai de encontro a uma afirmação muito contundente de Paulo a seu amigo Timóteo:
Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo,
(2 Timóteo 4:1-4 – ACF)
que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino,
Que pregues a palavra,
instes a tempo e fora de tempo,
redarguas,
repreendas,
exortes,
com toda a longanimidade e doutrina.
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;
E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.
Essa verdade divina constante nas Escrituras — revela a completa depravação da natureza humana, que não se sujeita à lei de Deus e nem pode fazer isso (veja Romanos 8.7) — não agrada à natureza humana corrompida pelo pecado.
Como disse Charles Spurgeon:
A Bíblia contém o que os homens odeiam: a verdade!
Apenas através da aceitação de Jesus Cristo como Senhor e Salvador é possível haver reconciliação com o Pai (veja João 14:6), mesmo porque aceitar Jesus implica em renunciar aos próprios desejos, tomar uma carga — contrária aos anseios pecaminosos do ser humano — de renúncia e submissão à vontade divina, se dispor a sofrer hostilidades, ser desprezado do mundo e perseverar até o fim nesta condição (veja Mateus 10:22).
É exatamente isso que significa “tomar a cruz e seguir Cristo”, conforme Lucas 9:23.
Assim, de certo modo, é compreensível — embora não justificável — que muitos prefiram acreditar em “fábulas” como as dos falsos Cristos e falsos profetas: tanto pela verdade divina ser desagradável à natureza decaída do homem, quanto devido ao fato da mensagem desses lobos devoradores ser, em geral, bem mais “palatável” ao ego humano.
geralmente não exortando ninguém ao arrependimento, não chamando o pecado pelo nome, e “liberando” boa parte(quando não todos) dos desejos e concupiscências humanas.
Porém, as consequências de se acreditar em fábulas, ou, sem meias palavras, MENTIRAS, nunca são boas e, no caso de mentiras espirituais, essas más consequências são eternas.
Esclareço que não sou cessacionista.
Não sou o tipo de pessoa que acha que Deus não se manifesta mais nos dias de hoje, que os dons espirituais cessaram com o fim da era apostólica.
Se tal ideia fosse verdadeira, a profecia de Ja Huss a respeito de Lutero quando era levado para a fogueira não poderia ter acontecido. Huss, condenado à morte por heresia, afirmou:
“Hoje, vocês estão queimando um ganso (Huss significa “ganso” na língua boêmia), mas em 100 anos surgirá um cisne que vocês não conseguirão queimar”.
Precisamente um século depois, Lutero começou a pregar na sua primeira paróquia.
Relato essa história apenas para esclarecer uma das razões pelas quais eu não concordo com a tese de que os dons do Espírito não se manifestam mais após o fim da era apostólica.
Porém, é necessária muita cautela ao se analisar supostas “revelações”.
Primeiro, porque nada mais há para ser revelado no que concerne à salvação: essa revelação já foi completada, tanto que João afirma que, embora Jesus tenha feito outros sinais enquanto esteve fisicamente no mundo e que não foram registrados, aquilo que ficou já é suficiente para que se creia e se tenha vida em seu nome (verifique João 20:30-31).
Assim, qualquer suposta “revelação” que mudar algo do que já foi dito é, sem possibilidade de erro, oriunda de um falso profeta.
E, segundo, porque qualquer revelação, agora sem aspas, precisa se cumprir para que seja verdadeira.
Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar,
(Deuteronômio 18:20-22 – ACF)
ou o que falar em nome de outros deuses,
esse profeta morrerá.
E, se disseres no teu coração:
Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou?
Quando o profeta falar em nome do SENHOR,
e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim;
esta é palavra que o SENHOR não falou;
com soberba a falou aquele profeta;
não tenhas temor dele.
É claro que, em certas ocasiões, a mentira desses charlatões é exposta de forma vexatória e um exemplo disso é o queniano Eliud Simiyu, que se declarou o próprio Cristo, fundou uma seita em torno de seu nome e… agora está necessitando de proteção policial, porque seus seguidores querem crucificá-lo!
Na realidade, se tais pessoas realmente lessem a Escritura, nunca teriam acreditado nele, porque a volta de Jesus não será dessa forma, mas, conforme mencionado anteriormente, será algo que todos verão, com a Terra e o céu literalmente derretendo:
Entretanto, o Dia do Senhor virá como ladrão,
(2 Pedro 3:10 – KJA)
no qual os céus desaparecerão ao som de um terrível estrondo,
e os elementos se desintegrarão pela ação do calor.
A terra e toda obra nela existente serão expostas ao fogo.
Nem sempre, porém, a máscara de farsantes desse tipo é arrancada de forma tão evidente.
Dessa forma e já de antemão, a única fonte realmente confiável da revelação divina é a Bíblia.
E isso não simplesmente por uma questão de fé ou de doutrina, mas por uma questão inteiramente racional: uma vez que todos os escritores do texto bíblico estão mortos há séculos, a única forma de saber o que ensinavam é examinando o que deixaram escrito
Por isso que também é muito temerário acreditar em “tradição oral”, como acontece no catolicismo: quem já brincou de “telefone sem fio” — em que as crianças ficam em fila e a primeira fala uma frase para a segunda, que passa para a terceira e assim por diante — sabe o que acontece: quando chega na última da fila, a frase é dita e sai, na maioria das vezes, totalmente diferente do que era no início.
Como confiar, então, em palavras supostamente ditas ao longo de séculos, passando de geração em geração, inclusive por culturas e idiomas diferentes… palavras essas que muitas vezes mudam e até se contradizem entre si mesmas?
Por isso, a pergunta do primeiro parágrafo só possui uma resposta possível: na Bíblia!
Só nela existe a verdadeira revelação de Deus.
Tanto isso é verdade que os textos sagrados das demais religiões não partilham de diversas coisas que só existem no cristianismo, como o Deus Triúno — até existem religiões que pregam a existência de uma tríade divina, porém, são três deuses, não um Deus em três pessoas —; o sacrifício salvífico do próprio Deus na pessoa de seu Filho; a salvação pela graça…
Este último ponto, inclusive, é mais distinto do que muitos imaginam: enquanto em todas as demais religiões, as respectivas divindades só salvam pessoas “boas” — ou seja, as que se dedicam a cumprir os dogmas e rituais, moldando-se ao padrão moral aceito na mesma — no cristianismo encontramos a única fé que apresenta um Deus a tal ponto misericordioso que salva pessoas perdidas, decaídas, depravadas, totalmente incapazes de agradá-lO pelas próprias forças, sacrificando seu Filho para isso.
Portanto, a confiança só pode ser depositada inteira e integralmente na Bíblia.
Mesmo para “provar os espíritos”, conforme instrução registrada em 1 João 4:1, ela deve ser a “bússola” que orienta cada filho de Deus sobre o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado.
Guiando-se por ela, nenhum cristão será apanhado pelas armadilhas das “profetadas” e do falso messianismo que cresce cada vez mais no mundo.
Nos Laços do Calvário.
Eduardo Pydd Teixeira
Nascido na Porto Alegre de 1973, exerceu ministério pastoral na IELB — Igreja Evangélica Luterana do Brasil entre 1999 e 2008. Radicado em São Paulo desde o final de 2008.
Parece que os tempos finais estão se revelando cada vez mais rapidamente e, antes que o Senhor volte como um ladrão na noite, já podemos observar indícios do profetizado reinado do anticristo se consolidando não apenas no Brasil, mas por todo o mundo!
Na fase 2023 d’O Pior evangelho decidi lançar mão de novos formatos na expectativa auxiliar a aumentar o alcance dos conteúdos relacionados às Escrituras — stories, vídeos, textos mais curtos, autores convidados… — e essa publicação, onde tomei a liberdade de realizar revisão e ilustração, é parte desse projeto.
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