Nos Limites Das Ambições

Sobre "O Dia Em Que A Música Morreu"

Tempo Estimado de Leitura: 6 min
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Ricardo Steven Valenzuela… se você ouvir o nome, talvez nem pense se tratar de alguém com uma história incrivelmente marcante, com um brilho tão intenso quanto breve.
Porém, ao se mencionar Ritchie Valens — o nome artístico pelo qual ficou conhecido mundialmente —, dificilmente alguém vai ficar sem saber que estamos falando do garoto americano de origem mexicana, famoso pelo hit “La Bamba”.
Nascido nos arredores de Los Angeles em 1941, começou a se apresentar em 1956, com 15 anos de idade, gravando outros hit de sucesso além de “La Bamba”, como “Come on Let’s Go” e a música em que homenageia sua namorada homônima “Donna”.

Mas em 3 de fevereiro de 1959, poucos meses antes de completar 18 anos, partiu — às pressas para não se atrasar para um show que já estava agendado — em um vôo junto a outros dois amigos músicos: Jiles Perry Richardson (The Big Booper) e Charles Hardin Holley (conhecido como “Buddy Holly”).
Devido aos fortes ventos e à baixa visibilidade consequentes do mau tempo, o piloto acabou não conseguindo controlar o avião, que caiu em um milharal poucos minutos após a decolagem, matando todos os 4 ocupantes.
Encerrava-se assim, de forma trágica, a carreira e a vida de três promissores músicos: Booper, com 28 anos; Holly, de 22 (cuja esposa estava grávida e perdeu o bebê com o choque que teve ao receber a notícia); e Valens, com apenas 17.
O dia 3 de fevereiro de 1959 é até hoje conhecido nos EUA como THE DAY THAT MUSIC DIED — O DIA EM QUE A MÚSICA MORREU —, sendo citado, inclusive, na famosa canção “American Pie”, de Don McLean.

Embora a tragédia seja igual para todos os familiares das vítimas daquela noite fria e chuvosa, do piloto aos músicos, e mesmo pela fatalidade de um aborto como consequência, o caso de Valens parece gerar um inconformismo ainda maior para muitas pessoas, por ele ser o mais jovem e, até hoje, o mais lembrado dentre os que perderam a vida naquela tragédia.
O brasileiro Raul Seixas diria, anos depois, que se essa tragédia não tivesse ocorrido, o Rock’n Roll teria tido uma história completamente diferente do que se conhece hoje, tão grande era o potencial e a influência dos jovens músicos, especialmente de Valens, que começava a despontar e já mostrava uma capacidade ainda maior de influenciar o gênero do que seus amigos.
Pode-se especular muitas coisas a respeito do que teria acontecido caso a tragédia de 3 de fevereiro de 1959 não tivesse ocorrido, mas o que ninguém certamente discordará é que não se pode, humanamente falando, ver algo de positivo ou até justo naquela tragédia: três jovens talentosos e mais o piloto se foram de uma vez, deixando famílias e amigos inconsoláveis e uma história da música bem diferente dos rumos que foram tomados desde então.

No entanto, mesmo um acontecimento tão doloroso pode levar um coração tocado pelo poder de Deus à reflexão.
O ser humano tem seus planos e projetos, alguns bem ambiciosos e outros até mesmo monumentais… e as coisas tem mesmo de ser assim, pois, sem que haja ambição — não a desmedida, mas a natural para que se alcancem objetivos e metas —, as pessoas não conseguem ter uma vida feliz: simplesmente contar um dia após o outro não satisfaz a necessidade de “dar sentido à vida” que todos têm.

O fato é que o ser humano, particularmente o cristão, nunca pode se esquecer de sua condição transitória, ou seja, de que é simples mortal e a sua vida não dura para sempre neste mundo: mesmo conquistando tudo o que sonha, não permanecerá para sempre com suas conquistas…
Salomão, que ocupou a posição mais alta que alguém poderia ocupar em seu tempo, reconhece isso:

Depois concentrei-me no trabalho de edificar obras magníficas:
construí palácios para mim mesmo e plantei imensos vinhedos.
Projetei e mandei construir belos jardins e pomares e neles plantei todo tipo de árvore frutífera.
Construí grandes reservatórios de água para irrigar os meus muitos bosques verdejantes.
Comprei uma infinidade de escravos e escravas e muitos foram os escravos que nasceram em minhas terras.
Além de toda essa criadagem, tive mais bois e ovelhas do que todos os que viveram antes de mim em Jerusalém.
Acumulei para mim prata e ouro, riquezas sem conta dos reis e das províncias.
Escolhi os melhores cantores e cantoras, e servi-me de um imenso harém, experimentei os maiores prazeres que um ser humano pode sonhar.
Tornei-me mais poderoso e famoso do que todos os governantes que viveram em Jerusalém antes de mim, sempre me mantendo junto ao meu saber.
De tudo quanto meus olhos e meu corpo desejaram não lhes neguei nada;
jamais privei meu coração de alegria alguma;
sabia desfrutar de todo o meu trabalho;
essa, pois, foi a recompensa que obtive de todo o trabalho que realizei dedicadamente.
Contudo, no momento em que passei a examinar tudo o que minhas mãos haviam produzido e o trabalho que eu tanto me esforçara com alegria para realizar, compreendi que, na verdade, tudo não passava de vaidade, um inútil e enorme vazio, como correr atrás do vento;
ou seja, não há qualquer valor real, nada útil, em tudo o que se faz debaixo do sol.

(Eclesiastes 2:4-11 – KJA)

Mas observando esse “tudo”, que ele chamava de “vaidade”, a partir do original hebraico, a palavra é melhor traduzida como “bolha de sabão” ou “fumaça”, ou seja, algo que dura apenas alguns breves momentos e logo se vai.

Muitas pessoas conquistaram e conquistam glórias imensas em sua vida terrena e não há nenhum mal intrínseco nisso. É necessário que haja no mundo tanto pessoas que liderem, quanto as que executem; tanto gerentes quanto operários: cada um tem um dom dado pelo Espírito Santo e dele deve fazer o melhor uso para sua vida e para ajudar a edificar o Reino de Deus no mundo (1 Coríntios 12).
Só passa a haver problemas quando os projetos e ambições terrenas se tornam o centro da existência do cristão, suplantando a importância das coisas que não se vêem e que são eternas (2 Coríntios 4:18).
Isso porque, além de estarmos sujeitos a ter nossas vidas terrenas encerradas tão inesperadamente quanto a dos talentosos músicos em 3 de fevereiro de 1959, também podemos começar a pensar que o sentido de nossa existência está vinculado a este mundo e ao que realizamos nele.

Muitas pessoas além de Ritchie Valens e seus amigos, tiveram suas vidas e carreiras promissoras (e até mesmo já bem-sucedidas e sólidas) encerradas precocemente, sem ter tido tempo para realizar seus outros sonhos.
Nada é certo neste mundo, de modo que apegar-se excessivamente, ou até desenfreadamente, aos sonhos terrenos é um risco muito grande, pois eles podem não se realizar… seja pela impossibilidade das circunstâncias, seja pelo fim precoce da vida terrena.

Temos o exemplo de alguém que renunciou a muita coisa após ter sido iluminado pelo Espírito de Deus a apegar-se ao que de fato importava: o Apóstolo Paulo foi, certamente, uma das pessoas que mais perdeu prestígio e privilégios no mundo judaico e até no Greco-Romano ao abraçar a fé cristã.
De autoridade respeitada, passou a ser um fora-da-lei perseguido e acabou sua vida martirizado (2 Timóteo 4:6-7).
No entanto, ele jamais voltou atrás após ter sido convertido a Cristo, pelo contrário, tudo o que possuía antes, ele passou a considerar como refugo, ou, como aparece no grego original de Filipenses 3:8, esterco! Isso porque ele, como Moisés igualmente já sabia antes dele, o gozo do pecado é transitório (Hebreus 11:24-27), ao passo que a recompensa de Cristo é eterna, e indescritivelmente maior do que qualquer coisa que possamos imaginar (1 Coríntios 2:9).

Sigamos com nossos sonhos e projetos, pois eles são positivos quando estabelecidos em coadunação com os princípios cristãos: as ambições e projetos terrenos não são incompatíveis com a fé cristã desde que não levem a pessoa a se preocupar mais com eles do que com sua relação com Deus, através de Jesus Cristo.
Mas permaneçamos sempre conscientes da transitoriedade de nossa vida terrena: o grande propósito de nossa existência está além do que se vê, a ser alcançado na eternidade, onde aquilo que nem sonhamos em obter nos será dado por graça de Deus em Cristo, para que jamais nos seja tirado.

Nos Laços do Calvário.

TÍTULO ORIGINAL: TALVEZ ATÉ A MÚSICA MORRA, MAS NEM TUDO TERMINA NA MORTE

Esse artigo em particular me remeteu, sem escalas, à versão brasileira desse acidente, ocorrida em 02 de março de 1996 com a banda Mamonas Assassinas
Coincidências (ou não) à parte, parece que os tempos finais estão se revelando cada vez mais rapidamente e, antes que o Senhor volte como um ladrão na noite, já podemos observar indícios do profetizado reinado do anticristo se consolidando não apenas no Brasil, mas por todo o mundo!
Na fase 2023 d’O Pior evangelho decidi lançar mão de novos formatos na expectativa auxiliar a aumentar o alcance dos conteúdos relacionados às Escrituras — stories, vídeos, textos mais curtos, autores convidados… — e essa publicação, onde tomei a liberdade de realizar revisão e ilustração, é parte desse projeto.
Obrigado por ter lido até aqui.
Continuo necessitando de toda colaboração possível: comentários, compartilhamentos e reações ajudam a divulgar este conteúdo que foi integralmente produzido na intenção de colaborar para a edificação do Corpo de Cristo no mundo.

Tenho vergonha de pedir.
Odeio incomodar os leitores e passei o ano de 2023 inteiro apenas publicando comentários, como os acima, em letras castanhas sem qualquer pretensão de ser incisivo em meus pedidos. Fiz isso porque ainda depositava uma pequena parcela de credibilidade na justiça e aguardava que ela, diante de minha incontestável deficiência, intimasse a seguradora a honrar o seguro funcional que me vendeu.
Só que deu tudo errado e nem os mais altos graus dos juízes deste país recusam suborno!

De súbito, fui lançado numa situação de extrema necessidade financeira e tanto os links imediatamente acima quanto o vídeo ao lado podem esclarecer o nível de desespero que me acomete e me traz a publicar esse apelo ao final da maioria de minhas publicações.

Peço perdão pelo incômodo, mas peço que, por favor, assista e ajude não apenas a manter esse site, mas também o próprio editor e sua família, com vida e saúde: eu realmente sentiria muita vergonha de expor tudo isso se não fosse a mais pura realidade.

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Parafraseando o apóstolo Paulo em Efésios 6:23-24, que a graça e a paz sejam conosco, todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade, hoje e para todo o sempre!

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