Vida dura a de João Batista: anos pregando no deserto e uma reação inusitada ao saber que uma das pessoas que batizou estava sendo mais engrandecida que ele…
Contaminação
Desde os tempos da travessia de Israel no deserto, uma nação era citada como um dos grandes inimigos do povo de Deus: Amaleque.Tratava-se de uma nação formada por salteadores do deserto, que atacavam outros povos e lhes roubavam o que produziam, deixando-os sem qualquer sustento, enquanto desfrutavam dos espólios da guerra.Êxodo 17:8-16 registra o famoso episódio no qual Moisés teve de ter suas mãos sustentadas por Arão e Hur, a fim de que a bênção divina fosse concedida a Israel para acabar com as investidas dos amalequitas e, inclusive, no verso 14 aparece a promessa de Deus de acabar com este povo saqueador de maneira definitiva, “riscando sua memória debaixo do céu”. Porém, tal promessa não foi cumprida de forma imediata.Conforme podemos verificar em 1 Samuel 15, foi em uma guerra contra Amaleque que o primeiro rei de Israel, Saul, foi definitivamente rejeitado por Deus, após não ter cumprido suas ordens para exterminar completamente esse povo, não lhe poupando nem o rei, nem pessoas, nem posses.Saul, que já havia sido avisado por Samuel se que seu reino não subsistiria após o seu primeiro descumprimento de uma ordem divina (veja 1 Samuel 13:8-14), foi confrontado pelo profeta de maneira ainda mais dura, no conhecido episódio em que tentou segurá-lo, rasgando a orla de seu manto, e ouvindo que assim seria rasgado dele o reino de Israel.O motivo dessa dura ordem divina — para o completo extermínio de Amaleque — fica claro no pronunciamento da sentença de morte do rei desse povo, Agague, por Samuel: Diante disto Samuel lhe replicou:“Assim como a tua espada arrancou das mulheres os seus filhos, do mesmo modo a tua mãe, entre as mulheres, ficará sem o seu filho!”E, naquele mesmo instante, despedaçou Agague perante o SENHOR, em Guilgal. (1 Samuel 15:33 – KJA) Amaleque, tratando-se de um povo que vivia de saques e guerras, não se importava com a vida dos povos a quem tinha por alvo: simplesmente não lhe pesava na consciência as barbáries que promovia, tudo o que lhe interessava era continuar no papel de, por assim dizer, “predador” de outras nações, de modo que Deus, em seu perfeito senso de justiça, decidiu exterminar definitivamente esse povo, o que de fato se confirmou: não existem mais amalequitas no mundo de hoje.O ponto que agora quero destacar nessa história é: uma coisa que NUNCA devemos fazer é abrir brechas para o mal, ou, como se diz no adágio popular, “Com o mal não se negocia”! Ao longo dos livros de Josué e Juízes, a própria história apresenta Israel desobedecendo às ordens divinas: os israelitas não apenas deixaram de exterminar totalmente os povos pagãos que haviam ocupado Canaã, mas mantinham alguns membros desses povos vivos e convivendo em seu meio!O resultado foi o pior que se poderia imaginar: Israel acabou por, em primeiro lugar, tolerar, depois se habituar e por fim, adotar os costumes idólatras e pagãos dos remanescentes desses povos, por diversas vezes corrompendo-se diante de Deus e tendo de enfrentar as consequências disso, perdendo o cuidado do Senhor e sendo envolvido em guerras, saqueado e mesmo submetido à tirania de outros povos, até arrepender-se e clamar a Deus por livramento. Ao olhar essa situação “de fora”, muitos cristãos do mundo de hoje podem sentir-se tentados a considerar a tolice de Israel como absurda — o que, de fato, é verdade — sem, porém, desenvolver a capacidade de perceber que, muitas vezes, são eles próprios caem na mesma tolice!Quantos cristãos no mundo atual abrem brechas, por exemplo, para tolerar e até minimizar os efeitos nefastos da aceitação de ideologias anticristãs no seu meio?Não são muito numerosos, em face do montante total, os que tem a coragem de denunciar coisas como ideologia de gênero, interrupção da gravidez, ecumenismo, “politicamente correto” e tantas outras tão comuns no mundo de hoje, como coisas explicitamente contrárias à fé que professam.Em um mundo onde se prega que o alegado “amor” deve estar acima de tudo — até mesmo do que é justo e honesto — vários dos que se afirmam “cristãos” simplesmente fecham os olhos para o perigo ao qual estão se expondo ao tolerar coisas desse tipo e até, por vezes, em um jogo de “vida dupla” mental, achando uma forma de conciliar tais coisas com a fé em Cristo, como se fosse possível misturar água e óleo.O apóstolo Paulo deixa muito claro que o cristão não pode tolerar tais coisas, escrevendo de forma enfática: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha”.- Efésios 5:11,12. E não vos associeis às obras infrutíferas das trevas;pelo contrário, condenai-as;pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que fazem às escondidas. (Efésios 5:11-12 – KJA) Como se vê, não reprovar tais coisas, seja na época de Paulo ou na atual, é se tornar cúmplice delas!Mais uma vez, como foi dito, “com o mal não se negocia”.Não é por menos que muitas comunidades e indivíduos no meio cristão estejam se mostrando idênticos ao mundo, aceitando coisas como as que citadas anteriormente e tantas outras mais… e isso não passará sem a devida resposta nem ficará sem a devida correção da parte de Deus, tal como não ficou nos tempos bíblicos! Dessa forma, o cristão tem de ter em mente que o seu padrão não é — e jamais poderá ser! — baseado nos valores e princípios do mundo, por mais que possam parecer “simpáticos”: o padrão do cristão tem de ser o de Jesus Cristo, tanto em termos de santidade quanto de justiça.Mesmo que não consiga alcançar a perfeição de Cristo neste mundo, o cristão jamais pode se deixar intimidar ou influenciar pelo que o mundo pensa, negociando com o mal: pelo contrário, deve buscar ser o mais diferente possível daquilo que o mundo apresenta, a fim de que possa, no momento de apresentar-se diante de Deus, como parte de uma igreja sem mácula, sem defeito, porém, santa e perfeita, pelos méritos de Cristo (vide Efésios 5:27).
A Depuração
Em 2013 foi lançado o filme “The Purge” — cuja tradução literal é “A Purgação”, ou “A Depuração”, tendo ficado conhecido no Brasil com o título de “Uma Noite de Crime” — onde vemos uma sociedade americana dominada por um governo distópico, que, apesar de controlar toda a sociedade com mão de ferro, é aceito por dar aos cidadãos o que eles desejam: segurança, sustento e paz.Entretanto, este último quesito tem uma breve, mas muito importante exceção: ao longo de uma noite por ano, isto é, durante 12 horas, todos os crimes no país — mesmo os mais bárbaros, como estupros, assassinatos e latrocínios! — são totalmente liberados, de modo que qualquer um que os cometer dentro desse intervalo não será considerado criminoso nem enfrentará nenhum tipo de processo legal, prisão, multa ou qualquer tipo de punição.Quem, porém, retaliar qualquer crime cometido neste período, agindo fora do mesmo, será punido. Como foi dito, esta tenebrosa noite é conhecida como “Purge” e se trata de um período em que todos os instintos mais selvagens dos cidadãos podem ser seguidos sem qualquer restrição por parte das autoridades.Dessa forma, é comum ver “amigos” traindo e até matando uns aos outros nesta noite, mostrando que não existe de fato “amizade” entre eles.As famílias e cidadãos mais éticos não se envolvem com a noite de “Purge” e, visando sua própria proteção, preferem trancar-se em casa, reforçando portas e janelas com trancas e placas pesadíssimas de pedra ou metal… o que nem sempre dá certo, pois os que se deixam dominar pelos instintos tem permissão para arrombar e até destruir as residências alheias, em geral usando tratores e correntes para abrir as portas e atacar os moradores! Ao final dessas 12 horas, todas as leis anticrime voltam a vigorar e, segundo o que o filme relata, a criminalidade fica perto de zero no território americano por todo o restante do ano, pois toda a tensão acumulada foi liberada na noite de “Depuração”, permitindo aos cidadãos levar uma vida tranquila, sem pressão ou opressão… ao menos até que chegue a próxima “noite da Depuração”. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso;quem o conhecerá? (Jeremias 17:9 – ACF) Embora a proposta do filme tenha seus méritos — considerando especialmente o fato de expor, conforme a citação acima (do profeta Jeremias), a perversidade intrínseca do coração humano decaído em pecado e que o faz guardar acumular os piores sentimentos em seu interior — ele falha ao considerar que proporcionar tal “liberação de tensões” poderia tornar as pessoas menos agressivas ao longo do restante do ano.O apóstolo Paulo diz que não existe nada de bom na carne, ou seja, na natureza humana (vide Romanos 7:18).Assim, o acúmulo de imundície e podridão espiritual nunca é totalmente expurgado, ele logo se forma novamente e não creio estar errado ao afirmar que, se tal experiência fosse feita no mundo real, em vez de aguardarem um ano pela próxima “Purge”, as pessoas logo estariam reivindicando que a mesma acontecesse com cada vez mais frequência: possivelmente, para dizer o mínimo, até uma vez na semana!Aos que têm fé e buscam o entendimento das Escrituras, é impossível acreditar que haja qualquer bondade ou “freio” inerente ao ser humano capaz de conter a sua própria maldade… O filósofo italiano, Niccolò Machiavelli, conhecido nos países de língua portuguesa como Nicolau Maquiavel, definiu de forma bem explícita a real condição humana: “O homem é mau por natureza, a menos que precise ser bom”.De fato, o que faz a maioria das pessoas serem aparentemente “boas” não é a sua natureza, mas a necessidade.Se não houver quem tenha a autoridade civil de punir o mal, qualquer sociedade logo cai na barbárie e concretiza o enredo do filme não apenas por 12 horas ao longo de um ano, mas tornando-o a própria realidade. Tal condição — como Paulo diz no versículo de Romanos anteriormente mencionado, cuja conclusão é “o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” — não pode ser modificada pelo esforço humano.O próprio fato de uma pessoa querer o bem é algo que não provém dela, mas da graça divina, que, inclusive, foi capaz de transformar o coração de um homem que destilava um ódio indomável contra os cristãos em um que o tornou o maior evangelista da história.Mesmo os atos mais “belos” aos olhos humanos, caso realizados por um coração não convertido, não passam de imundície aos olhos de Deus (veja Isaías 64:6). Dessa forma, apenas um verdadeiro filho de Deus, transformado pelo Espírito Santo, é capaz de realizar atos que agradem ao Criador.Somente por meio de Cristo e seu sacrifício na cruz é possível ao ser humano “purgar” ou “depurar” as suas boas obras.Porém até mesmo para um cristão é impossível apresentar suas obras diante de Deus sem que estejam manchadas pela pecaminosidade da carne: apenas através de Cristo esses sacrifícios espirituais imperfeitos são “corrigidos”, “depurados” e, assim, como diz Pedro, aceitos pelo Pai: Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2:5 – ACF) A única depuração real que pode acontecer não é a que o filme apresenta, mas aquela realizada por Cristo na Cruz, que pagou o preço de todos os pecados da humanidade.Embora que o cristão ainda não esteja livre do pecado, isso é questão de tempo: na Nova Jerusalém nunca mais entrará nada contaminado, pois a Depuração definitiva estará completa: E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro. (Apocalipse 21:27 – ACF) Peço perdão pela ausência, mas permitiu o Senhor que boas mudanças estejam ocorrendo em minha vida e, de fato, para exercer qualquer responsabilidade não podemos apenas atuar: principalmente o cristão deve estar plenamente capacitado — em conhecimento e prática — para executar o papel que lhe foi atribuído.Estou em uma jornada de aprendizado que, sem mentiras, me fez focar em
O Domínio Do Diabo
Um homem queria muito comprar uma extraordinária mansão e o diabo, aproveitando-se daquela obsessão, propôs-se a ajudá-lo:— Mas, há uma única condição — disse-lhe o demônio.— Qual condição? — perguntou, desconfiado, o homem.— Está vendo aquele prego… aquele simples prego fincado na parede da sala de jantar?— Sim!— Eu vou proporcionar tudo para que compre esta mansão e ela verdadeiramente será sua, mas… aquele prego será meu!— Só isso?— Sim: aquele prego será meu e você nunca poderá arrancá-lo de lá… só isso. — confirmou o Diabo.O homem aceitou a proposta. Logo após a mudança, decidiu “inaugurar” sua luxuosa mansão oferecendo um gigantesco banquete às pessoas mais importantes daquela região: todas foram convidadas e confirmaram presença.Aquele seria um evento inesquecível, mas, bem no meio da festa, quando as pessoas se preparavam para começar a comer… o diabo entrou na sala carregando uma carniça fedorenta e a pendurou naquele prego, assustando e simplesmente acabando com o apetite de todos.O dono da mansão até tentou argumentar, mas o diabo falou com firmeza:— Lembre-se do nosso trato!! Aquele prego é meu e eu vou usá-lo como e quando bem entender! Apesar de até ser relativamente conhecida — especialmente com o acesso cada vez mais fácil à internet que se vê atualmente — o ensino desta parábola nunca pode ser banalizado ou inferiorizado. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.Não deis lugar ao diabo. (Efésios 4:26-27 – ACF) Ao afirmar isso, o apóstolo Paulo faz uma exortação à santidade.A passagem em questão fala sobre o ódio, que é o ato de, como se apresenta, alimentar e guardar ira, raiva, ficar acumulando e remoendo os sentimentos de indignação.É óbvio que, como a própria passagem esclarece, o ato de irar-se, por si só, não é pecado: o próprio Deus se ira contra o mal, de modo que não é pecado irar-se contra o próprio pecado.Pecado é guardar a raiva, não se mostrar disposto a superar o episódio, negando o perdão: é isso que chamamos de “ódio”. Mas “dar lugar ao diabo” não é apenas alimentar ressentimentos.Qualquer brecha que se dê, qualquer “pecado de estimação” que se mantenha, tudo, enfim, que seja contrário à vontade de Deus e contra o que a pessoa não esteja disposta a lutar, abre uma possibilidade, uma ocasião para que o diabo se infiltre e contamine a sua relação com Deus.Vemos, no entanto, cada vez mais pessoas se mostrando inclinadas a seguir esse perigoso caminho de tolerar o próprio pecado: há muitos que vivem um estilo de vida totalmente contrário ao aprovado pela Palavra de Deus e, ainda assim, creem que lhes basta realizar boas ações em outras áreas para que Deus não seja “tão rigoroso” e permita que continuem a manter os pecados dos quais tanto gostam…Nada poderia estar mais longe da verdade! Diferente das tantas possíveis exceções apresentadas pelas leis humanas, a Lei divina é tão santa e perfeita que o apóstolo Tiago registrou: Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. (Tiago 2:10 – ACF) Tal como um copo com o fundo esburacado ou uma cerca com um espaço quebrado — que para nada servem! —, apresentar-se diante de Deus com pecados e esperar para se valer de justificativas é como — numa perspectiva humana — fazer um bolo com as mãos sujas: por mais estético e saboroso que possa ser, ninguém em sã consciência irá comê-lo.É evidente que o ser humano não tem condições de cumprir a Lei divina com a perfeição exigida pela mesma e é exatamente por isso que houve a necessidade de Jesus Cristo vir ao mundo: a fim de cumprir toda a Lei no lugar do ser humano decaído em pecado.Sem a obra de Cristo, que tanto cumpriu a Lei quanto sofreu o seu castigo como propiciação pelo ser humano, de nada valeria qualquer esforço da parte do homem para agradar a Deus: todos já estariam condenados antes mesmo de morrer! Entretanto, o fato de Jesus ter realizado, no lugar de cada ser humano, aquilo que não era possível ser feito pelo esforço do próprio homem não é uma autorização para se “curtir” os pecados: quem está em Cristo é uma nova criatura e procurará viver para Ele, evitando o ato de andar segundo a carne, ou seja, viver não para satisfazer os próprios desejos, mas os do seu Salvador. Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim:que, se um morreu por todos, logo todos morreram.E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo.Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2 Coríntios 5:14-17 – ACF) Por isso, o conselho de Paulo é tão importante.E, dentre as tantas outras exortações para que Cristo seja a motivação para uma vida em santidade presentes no Novo Testamento, podemos destacar: Tiago exortando seus leitores para que se mantenham incontaminados do mundo (veja Tiago 1:27), o autor da epístola aos Hebreus advertindo que sem a santificação ninguém verá o Senhor (confirme em Hebreus 12:14) e Paulo exortando Timóteo, seu amigo e colega de ministério, para que seja sóbrio, isto é, correto em todas as coisas (vide 2 Timóteo 4:5). Não há, obviamente, nenhuma forma de se alcançar a perfeição neste mundo.É evidente que o cristão — por mais sincero, dedicado e esforçado que seja — sempre terá suas falhas, porém existe uma enorme diferença entre SER PORTADOR de pecado e VIVER no pecado: o cristão procurará se afastar o máximo possível da prática do mal… não por temer a condenação, mas por não desejar que o diabo tenha espeço para minar sua fé.Como o inimigo anda nos espreitando como um leão que procura uma
Uma Lição Dolorosa
Uma das maiores lições da minha vida foi aprendida semana passada.Advirto que o texto a seguir é pesado e triste, mas pode ser de grande valor para quem buscar entender o seu ensino.Um cachorro, mestiço de galgo e poodle, que veio para nosso lar há mais de 13 anos, com o pelo todo preto, o que lhe rendeu o nome de “Negão”, pelo qual aprendeu a nos atender, passou por uma das maiores dores físicas, e a mim, isso rendeu uma dor emocional e especialmente espiritual, mas que foi um aprendizado dos mais valiosos. Não vou esconder que ele tinha um temperamento difícil — ao falar no pretérito, certamente alguns já serão capazes de concluir o que se passou… — e era um bocado agressivo, só se dando bem conosco mesmo: quando, em 2016, a minha filha Débora veio morar conosco, por cerca de seis meses teve de ficar saindo e entrando em casa pela janela, porque ele a estranhava!Foi um problemão até acostumar-se com ela, mas depois se tornou tão dócil com ela quanto já era comigo e com a minha esposa. SOFRIMENTO Na manhã de terça-feira ele estava aparentemente normal, brincando, pulando e saltitando, não tinha absolutamente qualquer sintoma aparente de doença. Porém, no final da tarde, quando o vi novamente, percebi que ele fazia um tremendo esforço, chegando a gemer e ganir, para evacuar e — o pior — havia respingos de sangue por onde ele andava.Olhando mais de perto, veio o choque: seu reto estava tomado por caroços vermelhos que, juntos, tinham mais ou menos o tamanho de uma bola de tênis!Imediatamente fui para o hospital veterinário aqui próximo de casa com a Débora. No exame do nosso pet foi constatado um tumor que se revelou cancerígeno — de imediato isso foi percebido, porque um tumor benigno não se espalha para outros órgãos… e o dele tinha se iniciado no testículo e passado para o intestino.Como se isso já não fosse terrível o suficiente, esse tumor também estava atacado por um tipo de miíase, popularmente chamada de “bicheira”: as larvas haviam crescido exatamente no tumor e, devorando-o, retiravam seu invólucro, ajudando a espalhar células cancerosas pelo corpo.Até seu intestino já estava muito afetado… Os três dias seguintes foram de noites maldormidas, acordando para dar a medicação no horário certo, fazer lavagem na região afetada… de nada adiantou. Inclusive, como se vê na foto — este, aliás, é o único registro que temos dele, pois nunca poderíamos imaginar que ele partiria de forma tão cruel e repentina — tivemos de colocar um cone para evitar que ele lambesse a região.Ele passava as noites se debatendo, tentando desesperadamente se coçar, e cada gemido que ouvíamos era como uma facada em nossos corações. Levamos o Negão a outro hospital, onde lhe foi receitado um remédio para evitar que sentisse dor.Quando minha filha foi comprá-lo e eu fiquei no carro com ele, aconteceu algo curioso: parecia que ele queria aproveitar os últimos momentos que teria comigo e vinha para o meu colo, deitando a cabeça no meu peito e, tocando minha mão com a pata, colocava a cabeça sob ela, pedindo carinho. DESPEDIDA Ontem, por volta das 19h, aconteceu algo que mostrou que não havia mesmo mais volta: nada mais parava no estômago dele, nem comida e nem remédio. Ele comia, tomava os remédios e vomitava em menos de 5 minutos.Ele vomitou mais duas vezes ao longo da madrugada e evacuava verdadeiras poças de sangue — do tamanho da palma da minha mão— onde também já era possível ver até pedaços do seu intestino e dos tumores, além de continuar se debatendo.Passei essa madrugada em claro, tomando conta dele e lavando o quintal.Pela manhã e em família, tomamos a difícil decisão de deixar nosso amiguinho partir, pois seu sofrimento era atroz e não havia sentido em prolongá-lo, pois isso não levaria a nada. E lá fomos eu e Débora para o hospital, sabendo que não voltaríamos mais com o nosso pet de tanto tempo para casa, enquanto a minha esposa ficou em casa aos prantos, nos ligando para ajudar a determinar o que seria melhor com o veterinário. O mais duro foi o fato de que, pela norma do hospital, em caso de aplicação de eutanásia, alguém da família precisa estar presente, como testemunha de que o pet não foi maltratado. Obviamente a Débora, que nem segurava mais as lágrimas, não poderia fazer isso, de modo que eu me tornei o encarregado dessa dolorosa missão.E lá se foram os cerca de dez minutos segurando o nosso amigo, fazendo carinho para acalmá-lo, enquanto o veterinário aplicava a anestesia que o fez dormir em cerca de dez segundos. Eu passava a mão no seu rosto enquanto ele perdeu a consciência, me olhando nos olhos, serenamente, como se estivesse tanto se despedindo quanto agradecendo por todo o tempo que passou conosco.A seguir veio a aplicação do cloreto de potássio, que provoca a parada cardíaca e, em aproximadamente um minuto… lá se foi deste mundo, para sempre, o meu amiguinho. A LIÇÃO Agora sou capaz de entender a lição que Deus quis me ensinar nesses quatro dolorosos dias: compreender a que ponto o pecado desgraçou a criação divina!No tempo em que trabalhei como pastor já havia passado por tal experiência com membros da congregação — e, inclusive, com meu próprio pai, que também perdeu a batalha contra o câncer —, mas as pessoas nem sempre demonstram seu real sofrimento: muitas vezes elas escondem o que de fato estão sentindo, talvez até com a boa intenção de evitar o sofrimento dos que estão ao redor. Um pet, porém, não esconde suas dores e desconfortos: foram quatro dias ouvindo o meu amigo ganir, gemer, se atirar contra as paredes… e só se acalmar quando estava a tal ponto exausto que simplesmente desmaiava de sono, acordando apenas para continuar a suportar esse tormento.Como disse anteriormente: os remédios não paravam mais no seu estômago, de modo que ele não tinha mais um momento sequer de alívio.Constatar que
Vidas Sem Sentido
Quando o cristão sincero diz que a existência humana só faz sentido em Cristo, não se trata de um clichê: de fato, procurar sentido para viver em qualquer outra coisa, lugar, pessoa, circunstância… — ou seja lá o que for! — nada mais é do que montar uma armadilha contra si próprio! Lembro de — há vários anos, no extinto Orkut — ter lido, no perfil de uma psiquiatra, o relato do caso de uma paciente que era apaixonada por outra mulher, mas cujo relacionamento vivia em crise: entre idas e vindas, qualquer picuinha era suficiente para o rompimento e, depois, essa paciente se humilhava de todas as formas, até reatarem.Ela dizia que estava desesperada para encontrar uma forma de estabilizar a relação, pois, segundo suas próprias palavras: “sua vida só tinha sentido ao lado dela”. Nem estou entrando aqui no mérito da questão homoafetiva, uma vez que todos sabemos o que a Bíblia diz a esse respeito e, não obstante, isso também pode acontecer em relações heterossexuais.O ponto é que, embora eu não saiba o desfecho deste caso, não me surpreenderia se tivesse terminado com a referida mulher dando cabo da própria vida, afinal, o sentido de sua existência estava baseado em algo extremamente instável e volátil, que poderia “ir a pique” a qualquer momento!Infelizmente isso é assim em todo e qualquer caso em que uma pessoa coloca algo terreno como o sentido de sua existência. Muitos creem que só podem ser felizes se alcançarem “esse” ou “aquele” objetivo, se realizarem “esse” ou “aquele” sonho, mas, quase no exato momento em que os obtêm, percebem que não era como imaginavam.Então precisam lidar com a decepção tentando achar outro objetivo para perseguir e que, impreterivelmente, terminará da mesma forma… isso sem mencionar o que diz uma conhecida passagem do Livro dos Salmos: Quanto ao homem, os seus dias são como a relva;como a flor do campo, assim ele floresce;pois, soprando nela o vento, desaparece;e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar. (Salmos 103:15-16 – ARA) Podemos citar aqui algumas pessoas que obtiveram tamanho sucesso que foi além de seu tempo de vida:Katherine Hepburn, atriz ganhadora de 4 Oscars;José Saramago, o único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura até a presente data;Frank Zappa, roqueiro vencedor de 3 prêmios Grammy… e há também as duas únicas pessoas na história a vencer dois prêmios Nobel, a saber, a polonesa naturalizada francesa Marie Curie e o americano Linus Pauling.Ninguém pode, em sã consciência, dizer que essas pessoas não chegaram ao auge do sucesso em suas carreiras nem que não alcançaram um nível de reconhecimento a que quase ninguém neste mundo além delas atingiu!Porém, todas elas compartilham duas características em comum: todas já morreram e — o que mais deve chamar a atenção de um cristão — todas eram ateias.Assim sendo, de que lhes vale agora tudo o que conquistaram em vida?De nada! Há quem argumente que sues feitos influenciaram (e ainda influenciam) a vida de muitas outras pessoas, mas, uma vez que todas as pessoas que vivem hoje, inclusive seus admiradores, um dia também deixarão este mundo… que sentido faz, em última análise, influenciar a vida delas?Se nada há depois da morte, a vida humana não faz sentindo algum!Há os que, ainda em vida, se dão conta de que as suas conquistas não podem livrá-los do final de sua existência terrena e, uma vez que em nada creem no além-túmulo, simplesmente, quando não encontram motivos de alegria e satisfação que os motive a continuar, decidem “encurtar” seu tempo de vida.De fato e como diz o Salmo, a vida humana na Terra é como o florescer de uma simples erva… que pode ser destruída até pelo vento e, pela força humana, nada há que se possa fazer para mudar essa situação. O apóstolo Pedro, em sua primeira epístola, afirma estar escrevendo para os cristãos — que estavam sob perseguição e ameaça de martírio, sentindo-se, inclusive, aflitos até pela possibilidade disso se concretizar — para ensiná-los de que a fé que possuiam era o motivo pelo qual deveriam estar felizes, como podemos ver a seguir: Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações. (1 Pedro 1:6 – ARA) Tanto naquela época quanto hoje o contraste é evidente: os que põem o sentido de sua existência em coisas da Terra, mais cedo ou mais tarde acabam por se ver totalmente esvaziados do sentido de sua existência, mesmo que obtenham tudo o que desejam.Já os que, com sinceridade, põem o sentido de sua existência em Cristo, mesmo em meio às perseguições, não perdem a esperança porque sabem que tudo o que se vê é passageiro… e o que não se vê é eterno e incomparavelmente melhor.Como exemplo disso temos o apóstolo Paulo que, mesmo sofrendo perseguições e injustiças por causa do nome de Cristo, afirmou: Portanto, não desanimamos!Ainda que o nosso exterior esteja se desgastando, o nosso interior está em plena renovação dia após dia.Pois as nossas aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno.Sendo assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se pode enxergar, mas nos elementos que não são vistos;pois os visíveis são temporais, ao passo que os que não se vêem são eternos. (2 Coríntios 4:16-18 – KJA) Chama a atenção o fato de Paulo, que inclusive perdeu a vida por amor a Cristo, afirmar que tudo o que vivera era uma tribulação “leve e momentânea”, algo que não pode ser comparado com a glória que será revelada nos salvos na eternidade: Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. (Romanos 8:18 – KJA) Por isso, Pedro recomenda que aqueles que demonstram tamanha esperança e resiliência — mesmo em meio a um mundo tão hostil! — estivessem prontos para declarar a quem quer que fosse, quando lhe perguntasse a razão dessa esperança inabalável, que essa razão é Cristo: Antes, reverenciai a Cristo
Florescendo Na Adversidade
O ator americano Ernie Hudson é conhecido por seu personagem Leo Glynn, o diretor da penitenciária “OZ”, no seriado que tem esse mesmo título, bem como por interpretar um dos Caça-Fantasmas (no caso, Winston Zeddemore) nos filmes de 1984 e 1989, e como o juiz no filme “Deus Não Está Morto II”, além de uma série de outros trabalhos no cinema e na TV.Sua vida, no entanto, não teve um início fácil. Hudson nunca conheceu seu pai, que era um mero caso amoroso de sua mãe, com quem nunca se casou e a quem abandonou logo que soube de sua gravidez: nascido sem o pai, Ernie tampouco tem lembranças de sua mãe, que morreu quando ele tinha apenas um ano de idade.Em tais circunstâncias, não seria de se esperar que ele seria alguém que tivesse muitas possibilidades de alcançar o sucesso na vida. No entanto, o que se vê é um homem que se tornou mundialmente conhecido, sem estar envolvido com o mundo do crime (como acontece com muitas crianças que não tem o amparo de um pai e uma mãe), e que é um cristão declarado, do tipo que prega e testemunha sempre que tem a oportunidade, seja em igrejas ou eventos.O que houve, no caso dele, então? É claro que o fato de ter sido criado por avós cristãos e ministros do Evangelho ajudou, mas a escolha sobre o que fazer de sua vida partiu unicamente dele próprio. Existem também exemplos muito tristes, de filhos de pregadores fidelíssimos a Deus não seguirem o caminho do cristianismo: um dos mais conhecidos é o de Abraham Piper, filho do renomado pastor John Piper, que é um ateu declarado e militante, que se opõe a tudo o que seu pai crê, prega e ensina há várias décadas.Embora as circunstâncias possam influenciar, não há como prever qual será o caminho que uma pessoa escolherá seguir na vida. Os dois exemplos mencionados expõem isso de forma bem explícita.Há inclusive exemplos bíblicos de tais contrastes e aparentes incoerências na própria Escritura: O Rei Ezequias, tido como o mais piedoso dos que governaram o reino de Judá (conforme 2 Reis 18:1-5), era filho de Acaz, um rei a tal ponto idólatra que queimou um de seus filhos como sacrifício aos deuses pagãos (veja 2 Reis 16:3)!Mesmo assim, Ezequias restaurou o culto ao Deus único em Israel e manteve-se fiel ao Criador por todos os dias de sua vida.No entanto, seu filho e sucessor, Manassés, voltou a praticar a idolatria grosseira que seu avô praticava (vide 2 Reis 21:1-9): no livro das Crônicas é revelado que Manassés se arrependeu do seu mau caminho e voltou-se ao Deus verdadeiro, mas apenas depois de ter sido submetido a uma disciplina duríssima por parte do Senhor (verifique 2 Crônicas 33:10-20). Assim, tal como existem os que — tal como Adão e Eva — falham no paraíso, também há os que — a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo ao ser tentado pelo mesmo diabo que tentou Adão e Eva no paraíso — triunfam no deserto.Em última análise, a questão não são as circunstâncias em que se vive, mas as escolhas que se faz.Ao escrever aos Gálatas, Paulo expõe esse ponto, afirmando: Não vos enganeis: Deus não se permite zombar.Portanto, tudo o que o ser humano semear, isso também colherá!Pois quem semeia para a sua carne, da carne colherá ruína;mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. (Gálatas 6:7-8 – KJA) A colheita virá daquilo que é semeado, não das circunstâncias em que se semeou.Estas podem tornar a semeadura mais fácil ou mais difícil, mas não a impedir. Em última análise, o único responsável pelo resultado da semeadura é aquele que a faz. Não se pode, como diz Jesus em Mateus 7:16, “colher uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos”. Assim, o exemplo a ser seguido por cada cristão é, como sempre, o de Jesus: Ele venceu a tentação no deserto, apesar de nossos primeiros pais terem falhado em circunstâncias muito mais favoráveis no princípio dos tempos.Ele igualmente viveu sua vida terrena entre traições, difamações e insultos, mas andava por toda parte fazendo o bem (veja Atos 10:38).Ele foi obediente até a morte — e morte de cruz! — e a sua semeadura, por mais difícil e dolorosa que tenha sido, lhe rendeu o nome que está acima de todo nome e o senhorio sobre toda a criação: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não reivindicou o ser igual a Deus, mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo plenamente a forma de servo e tornando-se semelhante aos seres humanos.Assim, na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, entregando-se à obediência até a morte, e morte de cruz.Por isso, Deus também o exaltou sobremaneira à mais elevada posição e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome;para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. (Filipenses 2:5-11 – KJA) Já na vida terrena muito do que se semeia é colhido: Ernie Hudson é um exemplo de alguém que — mesmo com as circunstâncias lhe sendo muito desfavoráveis — fez uma boa semeadura e colheu seus frutos… e sua maior colheita será na eternidade: sua escolha foi o que determinou que sua vida fosse uma glorificação da majestade de Deus já neste mundo, não as circunstâncias. Jesus mostrou que também tinha uma escolha quando estava prestes a ser crucificado, dizendo a Pedro que poderia rogar ao Pai e ele lhe enviaria mais de doze legiões de anjos para livrá-lo, mas que Ele estava ali para cumprir as Escrituras, e que essa era a sua decisão (verifique Mateus 26:53-54).Ele — nas circunstâncias mais desfavoráveis que poderiam existir — semeou segundo a vontade do Pai e colheu o Reino eterno, o qual
Amor, O Verdadeiro
Oriunda do famoso escritor Clive Staples “C. S.” Lewis — de “As Crônicas de Nárnia” — a frase a seguir foi dita há várias décadas, mas nunca se mostrou tão atual quanto agora:“Deus é amor, mas o amor não é Deus e ele se tornará um demônio a partir do momento em que se tornar um deus.“Será que alguém pode questionar a seguinte afirmação do apóstolo João? Aquele que não ama não conhece a Deus, porquanto Deus é amor. (1 João 4:8 – KJA) Diferente dos alegados “deuses” de outras religiões — que exigem mérito humano para obter seu favor — o Deus Cristão sabe tão bem que o ser humano é incapaz de obter mérito diante de seu Criador por suas próprias forças que Ele próprio, na pessoa de seu Filho, se encarnou para conquistar tais méritos e partilhá-los com os que confiam em sua pessoa e obra, dando-lhes a Salvação e o Reino Eternos. No entanto, o sentido de “amor” tem perdido quase todo o significado no mundo atual.Em nome de um suposto “amor”, muitas pessoas, mesmo se declarando cristãs, estão, como se diz na gíria, “jogando o bebê fora junto com a água do banho”: “amor” tem se tornado cada vez mais um sinônimo de “permissividade”, de “nunca diga não” ou outras coisas semelhantes.Em nome desse alegado “amor”, tem se pregado a tolerância ao pecado, a falta de princípios de conduta, de correção, de arrependimento… enfim, uma série de atitudes mais duras — mesmo que plenamente justificadas e necessárias por parte de quem deseja a correção do ser amado — que têm sido associadas a ódio e intolerância. Isso é mesmo “amor”? Para algumas pessoas, talvez possa ser encarado dessa forma, mas a verdade é que esse é um “amor” falso, negligente, não é o amor de Deus.Tal como na frase de C. S. Lewis, eis aí o amor demoníaco, que toma o lugar de Deus na vida de muitas pessoas: contrariar, admoestar, repreender, mesmo que de forma justa, correta e visando o bem, virou “discurso de ódio”!O amor de Deus não é assim sob nenhum aspecto.O autor da epístola aos Hebreus, por exemplo, faz uma comparação profunda entre a relação de um pai e seu filho, com a relação que Deus tem com aqueles a quem ama: “Meu filho, não desprezeis a disciplina do Senhor, nem desanimeis quando por Ele sois repreendido, pois o Senhor disciplina a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho”.Suportai as dificuldades, aceitando-as como disciplina; Deus vos trata como filhos.Ora, qual o filho que não passa pela correção do seu pai?Mas, se estais sem orientação, da qual todos se têm tornado participantes, então não sois filhos legítimos, mas bastardos. (Hebreus 12:5b-8 – KJA) Um pai humano, ao ver, por exemplo, seu filho se envolvendo em atividades escusas, como o crime, o que fará, caso realmente o ame?Permitirá que siga esse caminho, sem interferir ou corrigi-lo, porque isso é “amor”?De forma alguma!Um pai humano sabe que o final dessa jornada poderá custar a liberdade ou até a vida de seu filho, e fará tudo o que puder para tirá-lo desse caminho, ainda que tenha de ser duro e aplicar punições severas, pois o objetivo é o melhor possível: evitar o desastre final a que isso inevitavelmente levará. Da mesma forma, Deus corrige o que está errado naqueles a quem ama e isso pode ser, inclusive, por meio de uma severa reprimenda ou grande dor, daí o termo “açoitar” usado na passagem.Podemos encontrar diversos exemplos disso nas Escrituras, mas há um que merece destaque: ESPINHOS E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar.Por três vezes, roguei ao Senhor que o removesse de mim.Entretanto, Ele me declarou:“A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim.Por esse motivo, por amor de Cristo, posso ser feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias.Porquanto, quando estou enfraquecido é que sou forte! (2 Coríntios 12:7-10 – KJA) Paulo não especifica o que era esse “espinho na carne”, por isso muitas especulações têm sido feitas: alguns sugerem que poderiam ser adversários que perturbavam seu ministério, outros que ele poderia sofrer de epilepsia, mas a passagem a seguir pode ser um provável indício de que Paulo tivesse mesmo era algum problema de visão: Ora, onde está aquele vosso júbilo?Porquanto, eu mesmo sou testemunha de que, se fosse possível, teríeis arrancado os próprios olhos para oferecê-los a mim. (Gálatas 4:15 – KJA) É bem provável que Deus tenha inspirado Paulo a não declarar o que era o “espinho” para que cada cristão pudesse se identificar com a situação que ele vivia, pois é algo que cada cristão sincero conhece, a cruz que é obrigado a carregar, que pode ser diferente caso a caso, mas que não poupa a nenhum cristão. Porém, o que tem de ser destacado é que Paulo, ao relatar o caso, admite que havia uma razão para Deus ter permitido que acontecesse: o apóstolo corria o risco de se exaltar, tornar-se arrogante, especialmente por causa das revelações que recebera.Uma delas, como fica claro nos versos anteriores (de 1 a 6), foi ter visto o próprio paraíso ainda em vida — embora diga que “conhecia um homem arrebatado ao paraíso”, ele acaba por, de certa forma, admitir que era ele mesmo ao afirmar que corria o risco de se ensoberbecer com a grandeza das revelações.Assim, Deus não só fez Paulo carregar esse “espinho”, como lhe disse que confiasse em Sua graça, e não que o removeria dele. Como se vê, Deus já sabia de antemão que Paulo se ensoberbeceria, e já o disciplinou de modo preventivo, mantendo-o humilde e com a consciência de que toda a obra que realizava vinha de seu Senhor, não dele próprio.Esse é o
A Lição Dos Marrecos
Um jovem cristão foi convidado por um amigo descrente para uma caçada.Depois de haverem já atravessado banhados e abatidos um bom número de marrecos, o jovem resolveu falar ao companheiro sobre a sua fé:— Sou frequentemente tentado e o diabo sempre de novo quer me levar ao pecado, de modo que preciso estar sempre vigilante.— Mas — disse o descrente — como é que o diabo tenta você, que é cristão, e a mim, que sou incrédulo, ele me deixa desfrutar os prazeres da vida?O jovem cristão achou difícil a pergunta, refletiu um pouco e então respondeu:— Amigo, nessa caçada aprendi vendo como você não se preocupava em juntar logo os marrecos mortos, mas corria atrás dos vivos que tentavam escapar: da mesma forma, o diabo persegue quem ainda tem vida espiritual e tenta escapar de suas garras, mas deixa em paz os que, como você, já são marrecos mortos. Embora essa pequena história seja relativamente conhecida no meio cristão, não costuma receber a atenção que merece.Isso é lamentável porque, longe de ser a explicação de um problema, ela aponta para algo muito consolador e até mesmo estimulante para os que, de fato, confiam em Cristo e, em sua primeira carta, o apóstolo Pedro afirma algo que vai de encontro ao que é ensinado nesta história: Sendo assim, humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no tempo certo,lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós!Sede sensatos e vigilantes.O Diabo, vosso inimigo, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem devorar.Resisti-lhe, permanecendo firmes na fé, conscientes de que os irmãos que tendes em todo o mundo estão atravessando os mesmos sofrimentos. (1 Pedro 5:6-9 – KJA) Pedro escreveu esta carta a vários irmãos na fé que estavam sofrendo todo tipo de perseguição na Diáspora — ou Dispersão, isto é, que estavam desterrados de suas pátrias devido à perseguição implacável do Império Romano aos cristãos — e ressaltou que tal perseguição e sofrimento vinha por imposição do diabo que, tal como um leão feroz, procurava a quem devorar.Isso, na verdade, não é referência à morte física que muitos estavam sofrendo, mas sim à tentativa satânica de afastar os crentes de Cristo e, daí, o conselho para que permanecessem firmes na fé, sabendo que iguais sofrimentos estavam sendo impostos aos demais irmãos ao redor do mundo. Tal coisa não acontecia aos chamados “apóstatas”, ou seja, àqueles que tinham uma “fé” entre aspas, apenas de nome.No Império Romano, o culto aos deuses e ao Imperador era uma exigência: não eram feitas quaisquer ameaças àqueles que diziam não crer nas divindades romanas ou que o próprio imperador fosse divino, desde que o culto fosse prestado.Em outras palavras: o culto não precisava ser sincero, mas, por força de lei, tinha de acontecer… ou severas penalidades eram impostas! Dessa forma e visando preservar suas vidas, muitos dos que se declaravam cristãos optavam por racionalizar seu procedimento — usando a desculpa de que “o importante é o que está no coração” — e se sujeitavam à lei romana, prestando os cultos pagãos e imperiais exigidos, mas negando publicamente o seu Salvador.Outros, embora não chegassem a prestar o culto em si, valiam-se de uma artimanha: subornavam os oficiais e, assim, compravam o documento que era dado aos que haviam cumprido a lei, livrando-se assim das penalidades, mas — por evitar a perseguição escondendo-se atrás de uma mentira — comprometendo totalmente seu testemunho. Tertuliano de Cartago — um dos chamados “pais da igreja”, que viveu entre os séculos II e III e conheceu tal perseguição — condenava ambas as atitudes: prestar culto a deuses pagãos ou a um simples homem é algo que, no cristianismo, é totalmente inaceitável e, segundo suas próprias palavras, o ato de se portar um documento arranjado por suborno para revestir de sinceridade a uma mentira… tampouco era uma atitude cabível:“Quando você finge honrar algo que você de fato não honra (só para se livrar ou ser aceito), você tira proveito das pessoas que pensam que você foi sincero.” Essa perseguição contra os cristãos nunca chegou a cessar, ao menos não ao mesmo tempo em todo o mundo.Quando, no século IV, o Império Romano foi “cristianizado”, inicialmente — com o fim da perseguição no reinado de Constantino e, posteriormente, com o cristianismo declarado religião oficial do estado nos tempos de Teodósio — o problema deixou de ser a perseguição física para se tornar a paganização: o ingresso de várias pessoas que apenas seguiam um modismo e nada sabiam a respeito do verdadeiro Evangelho acabou por infiltrar muitas doutrinas anticristãs no que deveria ser a cristandade.A perseguição tornou-se velada, por meios filosóficos ou ideológicos que acusavam quem rejeitava as doutrinas pagãs de “intolerância” e “fanatismo”.Não é mera coincidência se isso lembra o mundo de hoje: a perseguição física AINDA não acontece no Ocidente, porém a cada vez maior difusão do sentimento anticristão e com os mesmos rótulos sendo atribuídos aos cristãos de hoje… é de se esperar que não demore a começar. Diante disso, é importante destacar que — tanto como na história dos marrecos quanto na passagem de 1 Pedro — o fato de um cristão ser perseguido (seja física ou ideologicamente) não é, ao contrário do que pode parecer, um problema, mas sim uma consolação!Os inimigos de Deus só perseguem aqueles em quem há vida espiritual, aqueles que de fato demonstram ser cristãos e testemunham sua fé, pregando e vivendo o Evangelho de Cristo: os espiritualmente mortos já fazem parte de seus domínios e, por isso, longe de serem perseguidos, são enaltecidos e honrados.É exatamente por isso que — enquanto os verdadeiros cristãos são discriminados, insultados e tratados como párias — vemos hoje muitos apóstatas e falsos crentes ganhando mais e mais espaço e elogios na mídia.Charles Haddon Spurgeon descreve muito bem essa condição, quando afirma:“Os cristãos não estão em perigo quando estão sendo odiados pelo mundo, mas sim, quando são admirados.” O próprio Jesus, na véspera de sua crucificação, alertou os
O Impacto De Cada Ação
Originário do grego, o termo técnico ADIÁFORO pode ser encontrado na teologia e sua tradução é “indiferente”, ou “indistinguível”.Refere-se a atos, palavras ou pensamentos que não são ordenados e nem proibidos pela Bíblia, o que implica dizer que tais coisas, por si mesmas, não são boas obras e nem pecados, mas algo que pode ou não ser praticado sem que agrade ou ofenda a Deus.Não é mistério que há coisas — como o adultério, o assassinato, a mentira, o furto… — que são vedadas ao cristão e outras tantas — como a vigilância e a busca pela santificação, isto é, buscar a cada dia a semelhança de Jesus — que são ordenadas. A destarte, também há coisas que não são proibidas, mas tampouco ordenadas: não é dito na Escritura que tipo de diversão o cristão pode usufruir, que tipo de alimento pode consumir, que tipo de cores convém ou não usar em suas vestimentas…No entanto, quando se fala nas consequências de se praticar ou não algum desses adiáforos na vida diária — ainda que vários atos, em si mesmos, não sejam pecados e nem culto a Deus — as circunstâncias e as motivações nas quais são praticados sempre implicam que a prática seja um ou outro. No capítulo 14 da Epístola aos Romanos, por exemplo, Paulo discorre a respeito de uma questão que perturbava os cristãos da localidade: até que ponto podemos viver a liberdade em um contexto cristão, e no que se deve basear a compreensão do que devemos ou não fazer em relação ao que não é ordenado e nem proibido por Deus.Tendo em vista que havia muitos recém-convertidos ao cristianismo, estes ainda não tinham total clareza e entendimento sobre o que era viver o Evangelho no dia a dia.Diante disso, como podemos verificar nos versículos iniciais, Paulo deixa bem claro que a questão do que se deve comer ou evitar, bem como a diferenciação entre os dias, como alguns faziam, preferindo guardar o sábado, era simplesmente uma questão de OPINIÃO.E tanto isso é verdade que isso é afirmado por duas vezes na parte inicial deste capítulo: Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes;quem come não despreze o que não come;e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.Quem és tu que julgas o servo alheio?Para o seu próprio senhor está em pé ou cai;mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias.Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. (Romanos 14:1-5 – ARA) A questão sobre a abstinência de algum alimento, especialmente, a carne, devia-se ao fato de muitas das carnes comercializadas na época eram as partes não-queimadas dos sacrifícios aos ídolos, os deuses pagãos do império. Já a controvérsia sobre a diferenciação dos dias vinha de muitos judeus que haviam aceitado a Cristo, mas que ainda eram apegados aos costumes judaicos.Tanto no texto mencionado quanto em outro — no caso, 1 Coríntios 8 — Paulo explica que o consumo das carnes comercializadas não tem em si nada de errado, porque o ídolo não é nada mais do que madeira ou pedra esculpida, e não tem poder algum, não sendo capaz de afetar a vida do cristão em nada: No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus. (1 Coríntios 8:4 – ARA) Porém, tanto no texto de Romanos quanto no de 1 Coríntios, Paulo deixa explícito que o que deve mover qualquer decisão do cristão em relação a isso é o amor ao irmão fraco, ou seja, ainda imaturo na fé. Por isso ele afirma: Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal.Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu. (Romanos 14:15 – ARA) Em outras palavras, o cristão não deve ser vaidoso ou egoísta, fazendo o que bem entender nas questões relativas a adiáforos, devendo levar em conta como sua atitude vai ser compreendida pelos demais. Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência;consciência, digo, não a tua propriamente, mas a do outro.Pois por que há de ser julgada a minha liberdade pela consciência alheia? (1 Coríntios 10:28-29 – ARA) Por isso, embora a consciência alheia não tenha qualquer jurisdição ou direito sobre a vida do Cristão, este, por amor àquele que também foi salvo por Cristo, deve evitar ao máximo praticar quaisquer atos que venham a ser escândalo, fazendo com que o fraco abandone a fé.É evidente que o mesmo também se refere ao caso da diferenciação entre os dias: TUDO se trata de OPINIÃO e cada um tem a liberdade de diferenciá-los ou igualá-los. Só há, portanto, duas situações em que um adiáforo se torna pecado: quando escandaliza ao fraco na fé e quando é praticado por alguém que julga ser pecado.Esta última situação é apontada no versículo final de Romanos 14: Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé;e tudo o que não provém de fé é pecado. (Romanos 14:23 – ARA) Ou seja, embora comer carne sacrificada (tal como guardar ou deixar de considerar algum dia como especial) seja questão de opinião, se alguém acha que praticar tal ato é pecado e o faz assim mesmo, esse estará cometendo um pecado. Não por causa do ato em si, mas estar rebelando-se contra sua própria fé, agindo baseado na dúvida ou mesmo buscando satisfazer a sua carne.Por isso é que não existe, de fato, uma neutralidade diante de Deus por qualquer ato que se cometa: tudo o que o ser humano faz, diante de Deus, ou é culto, ou é pecado.Muitas vezes, como no caso